Educação Executiva

Mudança e analfabetismo - Alvin Toffler e John Kotter

Edmarson Mota

“O analfabeto do século XXI não será os que não sabem ler ou escrever e sim os que não souberem aprender, desaprender e reaprender” (Alvin Toffler, início anos 1970, em o Choque do Futuro). 

Na segunda metade do século XX podemos destacar Alvin Toffler e Peter Drucker como visionários de tendências que de modo geral se manifestaram concretamente. Ambos se apoiavam em dados e cenários estruturados após pesquisa em bases de dados e percepções de lideranças em diversos segmentos. 

Até o final do século passado, apesar do desvanecimento gradual, considerava-se fundamental e certamente era naquele cenário, a visão de superar o analfabetismo letrado, saber ler e escrever, mesmo que de modo limitado, como sendo fundamental para gerar melhoria competitiva e inserção no mundo. 

Sem dúvida, saber ler e escrever é fundamental e acredito que praticamente todas as pessoas concordam com esta premissa; o que temos para hoje e para o futuro próximo é uma conjunto de saberes e competências que vão bem além da capacidade de ler e escrever; atualmente é a inserção digital e aspectos das chamadas “soft skills”. 

O que me levou a resgatar esta frase do Toffler é a sua atualidade e a menção explícita do desaprender e reaprender. Provavelmente ao citar desaprender não havia intenção de confundir com o termo esquecer, pois lembrar-se e ter visão histórica dos eventos e sua concatenação com as consequências e possibilidades futuras é fundamental. 

Estamos em um momento histórico de fato muito diferenciado, porque a exponencialidade e a profusão de novidades e disrupções tornam previsões de médio e longo prazos muito difíceis, sem contar que nossa capacidade humana de integrar tantas frentes de conhecimento e possibilidades tornam o futuro praticamente uma caixa de Pandora, o desaprender tem muito a ver com superação de crenças obsoletas, paradigmas limitantes, conhecimentos em silos e uma visão aberta para o que virá e seu potencial. 

Alvin Toffler é mais do que atual, nos sinaliza um modelo mental que será estratégico para o futuro, base para o cognitivo, emocional e “espiritual” e tudo isto junto nos novos aprendizados que nos integrarão ainda mais á nossa vida cotidiana, ao planeta, ao cosmos e outras dimensões que por enquanto desconhecemos. 

A partir especialmente dos anos 70 do século passado quando as mudanças começaram a “desequilibrar” hábitos e a capacidade de adaptação humana, diversos modelos de gestão da mudança, com foco no comportamento humano individual e coletivo, começaram a surgir. 

Usualmente mudanças significativas em âmbito organizacional ocorrem através de projetos e a gestão da mudança é incorporada com certo paralelismo e sinergia para que os resultados sejam efetivos. 

Um dos modelos mais efetivos e de fácil compreensão é o modelo desenvolvido pelo famoso estudioso da administração e consultor John Kotter. É constituído de 8 passos que se superpõem e progressivamente implementados ao longo do processo de mudança. Vejamos quais são:

1. Aumentar a Urgência 

2. Construir a Equipe de Orientação 

3. Desenvolver a Visão Certa 

4. Comunicar-se para Promover a Compra 

5. Empowerment para a Ação 

6. Propiciar Vitórias a Curto Prazo 

7. Não Permitir o Desânimo 

8. Tornar a Mudança Duradoura 

Em seu livro O Coração da Mudança há uma excelente explanação deste modelo e muitos exemplos reais de implementação em diversos tipos de negócios. 

Analisando as percepções de Alvin Toffler e o pragmatismo de John Kotter podemos gerar a sinergia necessária para que mudanças de sucesso possam ocorrer. Salve o novo mundo! E que possamos sempre estar preparados para lidar com os crescentes desafios da gestão de pessoas, individualmente e coletivamente. 

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Autores

  • Edmarson Mota
    Edmarson Mota
    Doutor em Administração (UNAM-AR), Mestre em Engenharia (PUC-RJ), Engenheiro Eletrônico (PUC-RJ). Atuou em segmentos e funções diversas como especialista, executivo e empreendedor. Atividades…  ver mais

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