Panorama do Uso de TI no Brasil

Temos 440 milhões de Dispositivos Digitais (computador, notebook, tablet e smartphone) em uso no Brasil (corporativo e doméstico), ou seja, mais de 2 Dispositivos Digitais por habitante. O smartphone domina vários usos, como nos bancos, compras e mídias sociais. Uma ruptura no comportamento está presente no uso desses dispositivos, isolamento, ensino e trabalho a distância deixam marcas permanentes.

Administração
20/05/2021
Fernando S. Meirelles

Anualmente o FGVcia, divulga um amplo retrato do mercado de Tecnologia de Informação (TI), com resultados de estudos e pesquisas do uso de TI nas empresas. Uma amostra significativa de 2.636 médias e grandes empresas, retrata o cenário atual e as tendências desse ambiente, resumidos neste texto.

O que mais chamou a atenção na edição de 2021 da Pesquisa foi o impacto da pandemia provocando em meses um avanço no uso de TI que normalmente levaria anos para ocorrer. Os resultados comprovam essa aceleração do processo de Transformação Digital nas empresas e na sociedade.

Temos 440 milhões de Dispositivos Digitais (computador, notebook, tablet e smartphone) em uso no Brasil (corporativo e doméstico), ou seja, mais de 2 Dispositivos Digitais por habitante. O smartphone domina vários usos, como nos bancos, compras e mídias sociais. Uma ruptura no comportamento está presente no uso desses dispositivos, isolamento, ensino e trabalho a distância deixam marcas permanentes.

Continuamos com mais de 1 smartphone por habitante. São 242 milhões de celulares inteligentes em uso no Brasil em junho de 2021. Adicionando os Notebooks e os Tablets são 346 milhões de Dispositivos Portáteis. No Brasil vende-se 4 celulares por TV!

Vamos ultrapassar 200 milhões de computadores (desktop, notebook e tablet) em uso no Brasil em 2021, atingindo 9,4 computadores para cada 10 habitantes (94% per capita). A venda anual em 2020 foi de 11 milhões, 8% menor que 2019 e menos da metade do pico de 2013. Trabalhar, estudar e ficar em casa aumentará o uso e a venda? Tendência que sim!

É notável que o uso e os gastos e investimentos em TI nas empresas de 8,2% da receita continuam crescendo em valor, maturidade e importância para os negócios existentes e para viabilizar novos modelos de negócios, mesmo com uma economia retraída. Seu valor depende de vários fatores: os dois principais são o estágio ou nível de informatização e o ramo no qual a empresa opera.

Esse Índice é o gasto total destinado a TI, a soma de todos os investimentos, despesas e verbas alocadas em TI, incluindo: equipamento, instalações, suprimentos e materiais de consumo, software, serviços, comunicações e custo direto e indireto com pessoal próprio e de terceiros em TI, dividido pela receita da empresa.

Pode-se comprovar que quanto mais informatizada a empresa, maior é o valor desse Índice. Nos últimos 32 anos, ele cresceu 6% ao ano, passando de 1,3% em 1988 para 8,2% em 2020/21. Mesmo assim, existe muito espaço para crescer e chegar nos níveis dos países mais desenvolvidos. Outro indicador, entre os mais de 50 analisados na Pesquisa, é o CAPU - Custo Anual de TI por Usuário de R$ 48.000: Gastos e Investimentos em TI dividido pelo número de usuários da empresa.

Seu comportamento não tem economia de escala, cresce com o tamanho da empresa. Varia conforme o ramo, nas empresas de Serviços a média é R$ 60.000 e atinge R$106.000 para o ramo financeiro, na Indústria R$ 44.000 e no Comércio R$ 31.000.

A Pesquisa levanta a participação no mercado dos fabricantes de 26 categorias de Software. A Microsoft continua dominando várias categorias no usuário final, algumas com mais de 90% do uso. Os três fabricantes que mais cresceram sua participação, foram: Zoom em primeiro, seguido pelo Google e Qlik.

Os Sistemas Integrados de Gestão (ERP) da TOTVS e da SAP têm 33% do mercado cada, Oracle 11% e outros 23%. A TOTVS lidera nas menores e SAP nas maiores empresas.

Vários sinais do novo normal já são visíveis, a tecnologia junto com a pandemia muda a maneira pela qual transacionamos, trabalhamos, estudamos e vivemos. Esse fenômeno provoca a necessidade de integrar cada vez mais o físico com o digital e demandam a implementação de novos processos integrados internamente, externamente e principalmente com o ecossistema da empresa.

Assim sendo, o “novo” ERP torna-se o coração da transformação digital. Os programas de Inteligência Analítica (BI - Business Intelligence and Analytics) continuam sendo uma categoria de destaque e muito lucrativa para os fabricantes. SAP, Oracle, TOTVS, Microsoft, Qlik e IBM, nesta ordem, são os líderes desse com 95% do mercado. Apesar de todo esse arsenal de ferramentas modernas, 90% do uso de Inteligência Analítica no departamento financeiro das empresas é Excel.

A Pesquisa aprofunda seus estudos em três ramos da economia: nos Bancos ressaltamos que 62% da origem das transações já é do Mobile Banking, nos Hospitais privados temos o inovador CAPL - Custo Anual de TI por Leito de R$ 158.000 e no AgroNegócio mostramos um comportamento parecido, mas um pouco abaixo da média da indústria.

Os principais projetos de TI identificados na Pesquisa, são: Inteligência Analítica e “o novo” ERP (Migração, Implementação e Integração). Nas grandes empresas, aparece: Busca de Talentos, Governança de TI, Inteligência Artificial, IoT (Internet das Coisas) e Nuvem. O foco principal deve ser no Alinhamento Estratégico com o processo de Transformação Digital.

Apresentação e Relatório da 32ª Pesquisa Anual de Uso de TI estão disponíveis no site.

*As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade exclusiva do(s) autor(es), não refletindo necessariamente a posição institucional da FGV.

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Autor(es)

  • Fernando S. Meirelles

    Professor Titular e Fundador do FGVcia: Centro de Tecnologia de Informação Aplicada (FGVCia) da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGV EAESP).

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