Institucional

Private Equity, Venture Capital e Investimentos em Startups: oportunidades e desafios

Caio Ramalho

O Brasil possui novamente uma grande janela de oportunidades. Juros baixos, agenda prioritária de concessões e privatizações, aprovação de reforma da previdência e perspectiva de reformas administrativa e tributária que, apenas para citar alguns fatores, traçam um cenário positivo para uma retomada vigorosa da economia.

De fato, o país reúne condições favoráveis a investidores, nacionais e internacionais, que buscam diversificar seus portfólios por meio de ativos alternativos, tais como investimentos em startups, venture capital e private equity, que proveem capital para diversos negócios, de nascentes inovadoras de alto impacto a grandes projetos tradicionais de infraestrutura.

Ao analisarmos o mercado de Private Equity, Venture Capital e Investimentos em Startups, podemos comparar o momento atual com aquele que antecedeu 2004 a 2008. Neste período, houve um salto significativo no tamanho dessa indústria no Brasil. Só que agora, a perspectiva é de um crescimento ainda maior e, principalmente, mais rápido. O risco, entretanto, é estarmos diante de uma demanda que não consigamos suprir.  A exemplo daquele período, novamente existe um gargalo-chave no crescimento dessa indústria: a escassez de capital humano.

Entre 2004 e 2008, houve um expressivo fluxo de capitais de fundos de pensão direcionado para esta indústria, especialmente para o segmento de private equity, impulsionado pela redução das taxas de juros e pelo crescimento da economia.  Dezenas de novos fundos foram captados e várias novas gestoras sugiram no país. Entretanto, a indústria não dispunha de profissionais qualificados em escala e velocidade suficientes para acompanhar o salto desse mercado. Houve, então, um “apagão” de mão de obra de gestores.

Desta vez, a perspectiva é ainda mais intensa, e não apenas do lado dos gestores, mas também pelo lado dos investidores, levando potencialmente a um “duplo apagão” de mão de obra na indústria nos próximos anos. Estamos falando de family offices, wealth managers, grandes corporações, fundos de pensão federais, estaduais e municipais, fundos patrimoniais, bancos e agências de fomento, e agências governamentais nos diferentes níveis da administração. São centenas, possivelmente milhares de organizações. Esses investidores precisarão de pessoal qualificado, que compreenda esta classe de ativos e que saiba onde e como alocar seus recursos de acordo com seus interesses e características. E não apenas os analistas, mas também, e principalmente, conselheiros e diretores, que, em última análise, tomam as decisões. Na outra ponta, os gestores de private equity e venture capital - assim como os investidores anjos, consultores, advogados, administradores de recursos e demais profissionais que atuem nesta indústria - precisarão ser eficientes e estar altamente capacitados para identificar e aproveitar as oportunidades que surgirão com a expansão desta indústria.

Dessa forma, o único caminho viável para um crescimento vigoroso e sustentável é termos profissionais altamente capacitados por meio de uma sólida, completa e aprofundada formação teórica e prática, de forma a poderem atuar com excelência, direta ou indiretamente, na indústria de Private Equity, Venture Capital e Investimentos em Startups. Isto ainda não existe no volume que o Brasil precisa. O desafio está posto.

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  • Caio Ramalho

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