Dia do Economista: professores relatam o impacto da Ciência de Dados na área

O avanço da Ciência de Dados e das novas tecnologias foram apontados como fatores centrais para o desenvolvimento da profissão.
经济学
13 八月 2022
Dia do Economista: professores relatam o impacto da Ciência de Dados na área

No Dia 13 de agosto é comemorado o dia do Economista. Para homenagear esses profissionais o FGV Notícias conversou com os professores José Féres, da EPGE Escola Brasileira de Economia e Finanças (FGV EPGE) e Joelson Oliveira, da Escola de Economia de São Paulo (FGV EESP).

O avanço da Ciência de Dados e das novas tecnologias foram apontados como fatores centrais para o desenvolvimento da profissão, a partir do processo de transformação e aceleração digital.

Para ver a entrevista assista ao vídeo
 

Como a aceleração digital impactou a área de Economia?
 

Joelson Oliveira - A tecnologia tem afetado várias ciências e para a Economia não é diferente, tendo como principal impacto para a área a parte de desenvolvimento de Ciências de Dados, que é uma área que tem crescido bastante, tem demandado aí novas habilidades por parte os economistas.

Em termos de impactos da tecnologia na profissão, o principal é esse avanço das Ciências de Dados dentro da área de Economia porque é importante lembrar que Ciência de Dados também tem uma relação contra as áreas como Matemática, Computação, Estatística e, também, Economia.

José Féres - As tecnologias digitais trouxeram novas oportunidades e novos desafios para o economista. Hoje em dia com as novas tecnologias o número de pessoas que têm acesso a meios de pagamento digital aumentou muito. O economista também pode desenvolver novos negócios, pensando em serviços digitais. É uma transformação que tem mudado muito a nossa profissão. A aceleração digital abriu novas possibilidades de empreendedorismo na área econômica, como mostra o crescente número de fintechs atuando no mercado.

Como era a área antes desse boom digital?​
 

Joelson Oliveira - A área tinha uma característica já voltada para uso de ferramentas quantitativas. Economia é uma ciência social, então, ela não tem um caráter apenas quantitativo então ela também tem uma formação humanística. Agora, com esse advento da Ciência de Dados, você tem aí um fortalecimento dessa área quantitativa e, não só, você também tem o uso de ferramentas computacionais que já estão sendo utilizadas para a profissão, para através de ferramentas de inteligência artificial, aprendizado de máquina - que tem é trazido mais ferramentas para os economistas analisarem a realidade e ajudar também a sociedade na tomada de decisão.

José Féres –  O boom digital tornou a área mais intensiva no uso de dados, o que requer o domínio de linguagens de programação e conhecimento de ciência de dados. Antigamente, a formação do economista podia ser dividida em três grandes componentes: teoria econômica, métodos quantitativos e humanidades. Com a aceleração digital, linguagens de programação tornaram-se um quarto componente de fundamental importância. Todo economista precisa conhecer linguagens como R e Python para construir uma carreira profissional sólida neste cenário de boom digital.

Qual foi o principal desafio e o principal benefício?
 

Joelson Oliveira - O desafio é trazido a partir do boom digital com mudanças tecnológicas. A partir daí temos novas demandas por cientistas de dados que se tornam um desafio de aprendizado para aqueles que não tiveram essa formação.

Os principais benefícios dessas mudanças são: aumentar essa interação da profissão com outras as áreas; aumentar a capacidade de ter um ferramental de análise da realidade social e tentar, a partir desse ferramental, entender melhor os problemas que existem na sociedade.

José Féres – O grande desafio consiste em adaptar-se ao cenário de acelerada mudança tecnológica. Dominar as novas linguagens de programação, ter conhecimentos sobre aprendizado de máquina, inteligência artificial e outras ferramentas de ciência de dados é importante para o economista manter-se atualizado.

Em termos de benefícios, o boom digital criou muitas oportunidades para o empreendedorismo em nossa área. Os atuais alunos do curso de graduação em Economia falam em criar seus próprios negócios, suas fintechs. Esse é um discurso e um modo de pensar que não víamos no início do século.

Há ainda inúmeros benefícios nos diferentes setores de atuação. Por exemplo, o aprendizado de máquina pode melhorar consideravelmente os critérios de concessão de crédito, ao determinar de maneira mais precisa o perfil dos tomadores de empréstimo de alto e de baixo risco, evitando problemas de inadimplência.

Como a Economia contribui para a aceleração digital?​
 

Joelson Oliveira - O economista tem uma formação ampla, não só quantitativa, mas, também, humanística, ou seja, tem uma base que possibilita uma leitura diferenciada da realidade, dos agentes econômicos, da sociedade do governo, das empresas.

Quando fazemos uma análise puramente estatística, teremos um recorte numérico de uma situação, de um fato. O economista, a partir da sua formação, consegue trazer interpretações, análises sociais, a partir desse dessa fotografia. Então, esse contexto permite a ampliação da área e, até mesmo, das análises que são feitas, não só do ponto de vista quantitativo isolado, mas, também, social.

José Féres – O economista, com sua formação em ciências humanas e com seu conhecimento dos processos sociais e históricos, possui sensibilidade para ver o lado humano por trás da frieza dos números. Aplicar a ciência de dados para aprimorar a focalização das políticas sociais ou identificar gastos públicos ineficientes pode ser um instrumento poderoso de redução de desigualdades. A economia pode assim colocar a aceleração digital a serviço não apenas da geração de riqueza, mas da promoção do bem-estar social e inclusivo.

O que muda na formação dos novos economistas?​
 

Joelson Oliveira - Hoje a formação do economista passou por uma transformação, principalmente com o avanço de ciências de dados. Então, hoje nos currículos é de economia já é observado um aumento das disciplinas de ciências de dados para essa formação. Então, é uma área que está crescendo dentro dos cursos de graduação em Economia, e não só graduação, pós-graduação também. Então, essa é uma mudança bastante significativa que está trazendo esse preparo técnico, esse ferramental que tende a ser demandado e já é demandado pelo mercado cada vez mais.

José Féres – O componente empírico ganha força no currículo do economista. Um aluno precisa saber trabalhar com grandes bases de dados, de modo a extrair informação que auxilie  na tomada de decisão econômica. Nossa grade de disciplinas da graduação já possui um intensivo treinamento em computação aplicada para o tratamento de grandes bases de dados.

Quais são as novas opções de carreira dentro da economia que surgiram com a aceleração digital?
 

Joelson Oliveira - Destaco três opções que os economistas podem atuar e tem crescido bastante: a parte de analíticas dentro das empresas cujo objetivo é saber analisar grandes bancos de dados e entender o comportamento do consumidor, tendências, e tirar alguns fatos utilizados desses dados.

Outra parte é trabalhar com economia política também usando ciência de dados mais a parte de economia, até porque, hoje, as empresas estão cada vez mais demandando, e as instituições financeiras, economistas que tenham essa leitura porque a economia, parte política, também afeta a Eonomia, afeta a tomada de decisão das empresas, das famílias.

E, por fim, as startups porque geralmente são negócios recém-criados com muita incerteza e que uma boa leitura da economia e dos dados disponíveis pode ajudar muito no sucesso dessas empresas.

José Féres – O boom das fintechs e dos meios de pagamento digital trouxeram uma enorme gama de possibilidades para o economista. Há ainda novas oportunidades nos mais diversos setores, como as plataformas de serviços que aplicam modelos de precificação dinâmica. Percebe-se ainda uma tendência a tornar-se uma profissão mais empreendedora.

O que podemos esperar para o futuro em relação aos impactos da aceleração digital na área?
 

Joelson Oliveira - Olhando para o futuro, a expectativa que existe na profissão é de um uso cada vez maior de ferramentas quantitativas, para entender as realidades sociais, os agentes econômicos, principalmente na parte é de ciências de dados, então, é uma tendência que vai continuar sendo observada nos próximos anos.

E não só isso, também é uma tendência a demanda por a capacidade do economista conseguir resolver os problemas sociais antigos, sociais não, econômicos que afetam a questão social, mas problemas econômicos hoje demandam ferramentas cada vez mais complexas.

José Féres – Podemos esperar que a profissão seja caracterizada cada vez mais pelo uso intensivo de dados. Mas é importante que este aumento da capacidade de análise e de extrair informação a partir de grandes bases de dados seja sempre colocado em prol do objetivo último de promover o desenvolvimento econômico inclusivo e ambientalmente sustentável

Esta matéria faz parte da série especial Conexões para o futuro: Dia do Economista iniciada em 22 de julho no Dia do Cientista Social

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