Economia

Alinhamento político entre funcionários e empregadores afeta contratações, carreiras e desempenho das firmas, aponta estudo 

Estudo de Professor da FGV EPGE, publicado na American Economic Review, mostra preferência por copartidários, com impactos sobre promoções, salários e crescimento das firmas 

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Dois homens em uma empresa se cumprimentando de forma amistosa

A pesquisa “Politics at Work”, do Professor Valdemar Pinho Neto da EPGE Escola Brasileira de Economia e Finanças (FGV EPGE), em coautoria com Emanuele Colonnelli (University of Chicago) e Edoardo Teso (Northwestern University), investiga como a identidade política influencia decisões de contratação e trajetórias profissionais no setor formal brasileiro. O estudo integra quase duas décadas de microdados administrativos (2002–2019) que conectam o universo de trabalhadores formais, empresas, proprietários e filiação partidária, além de surveys com empregadores e empregados e um experimento de avaliação de currículos. 

Os resultados mostram que empregadores são significativamente mais propensos a contratar copartidários, mesmo controlando por condições do mercado local e outras características observáveis dos proprietários e trabalhadores. A análise dos mecanismos indica que redes sociais e políticas explicam parte do fenômeno — especialmente em firmas menores e em ocupações com maior interação — e aponta também evidências de discriminação por parte dos empregadores. Esses achados são reforçados pelo survey e por um experimento em que currículos equivalentes receberam avaliações mais favoráveis quando alinhados politicamente ao dono. 

Dentro das empresas, o alinhamento político está associado a maior probabilidade de promoção e prêmios salariais para copartidários, além de sinais de menor aderência de qualificação ao posto ocupado. No agregado, firmas com maior proporção de copartidários tendem a crescer menos do que empresas comparáveis, sugerindo custos de desempenho quando a afinidade política prevalece sobre critérios de mérito e produtividade. 

Em um contexto de polarização e de sinais políticos cada vez mais visíveis no ambiente de trabalho e nas redes sociais, os achados da pesquisa reforçam a importância de processos seletivos e avaliativos capazes de mitigar vieses — políticos e de outras naturezas — para preservar a qualidade das decisões de gestão de pessoas. 

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