Dia do Administrador: professores relatam a área de dados como potencial de valor da profissão
Hoje, dia 09 de setembro, é comemorado o Dia do Administrador. Um profissional multidisciplinar, com várias frentes de atuação: Organizações Públicas e Privadas, Logística, Gestão de Pessoas, Marketing, Administração Mercadológica, entre outras.
Para homenagear esses profissionais, o FGV Notícias conversou com Bernardo Buta, professor e coordenador do curso de Administração Pública da Escola de Políticas Públicas e Governo (FGV EPPG); Tatiana Soster, professora e coordenadora da FGV EPPG; Carla Soares, professora da FGV EBAPE e Maria Fernanda Cavalcanti, professora da FGV EAESP.
Nesta entrevista os professores ressaltam uma série de novas possibilidades de atuação na área, a partir da digitalização dos processos, seja na área de Administração de Empresas como também no caso do Administrador Público. Vale ressaltar que a área de dados foi destacada, por eles, como potencial transformador nos processos de aceleração digital em Administração.
Como a aceleração digital impactou a área da Administração de Empresas / Pública nos últimos anos?
Bernardo Buta (FGV EPPG) - Por meio de uma série de possibilidades de prestação de serviços que migram para o meio digital. No caso de Administração Pública, se reduz também a quantidade de papel nos escritórios. Hoje, os processos são todos digitalizados, na maior parte dos órgãos públicos. A gente tem dados disponíveis para a população e isso dá uma transparência muito maior para a Administração Pública e o cidadão tem essa capacidade de cobrar, de produzir informação e controle sobre o Estado. Isso traz esse aspecto democrático para Administração Pública.
Tatiana Soster (FGV EPPG) - A aceleração digital impactou absolutamente todas as áreas que constituem qualquer tipo de organização, seja pública ou privada, de serviços ou indústria. Posso citar alguns exemplos, como a área de Marketing que passou a incluir fortemente o Marketing Digital, a área de Operações com todo o aparato tecnológico da Indústria 4.0 e a Gestão de Pessoas com uma oferta de formação online, presencial e híbrida.
Carla Soares (FGV EBAPE) – O administrador tem como usufruir de todos esses instrumentos digitais para uma tomada de decisão muito mais eficiente, o que lhe dá uma grande oportunidade e uma grande vantagem como gestor nesse mercado muito competitivo que temos hoje.
Maria Fernanda Cavalcanti (FGV EAESP) - A aceleração digital impacta na área de Administração e em todas as suas subáreas de uma maneira radical. A gente pode afirmar que houve uma quebra de paradigma na forma como as empresas são geridas e essa mudança precisa ser, rapidamente, compreendida por todos aqueles que estão interessados em manter empresas competitivas no mercado.
O que muda na formação dos novos administradores?
Bernardo Buta (FGV EPPG) - Para lidar com esse ambiente novo, em constante transformação, o administrador público precisa hoje dessa formação em questão de programação e de análise de grande quantidade de dados, de big data.
Carla Soares (FGV EBAPE) - O atual administrador deve ter a capacidade de aprender, desaprender e reaprender na mesma velocidade. Ser um profissional mais aberto às mudanças, muito mais flexível, até mesmo para ele compreender que não somente as novas ferramentas de análise de dados podem impactar o seu dia a dia, como também a tecnologia impacta a criação de novos modelos de negócios que estamos vendo aí a todo momento. O administrador, com uma boa formação, tem múltiplas oportunidades no mercado, porque ele tem uma capacidade crítico analítica fundamental para a sua gestão eficiente.
O que se pode esperar para o futuro próximo em relação aos impactos da aceleração digital para essa área?
Bernardo Buta (FGV EPPG) - Em um período de 10 a 20 anos, mais de 50% dos postos de trabalho que a gente conhece hoje não vão existir mais ou serão de outros tipos. Então, as pessoas precisam se preparar para isso. No nosso caso, esse impacto pode ser um pouco menor, porque o profissional de Administração Pública exerce atividades com um elevado nível de conhecimento. Essas atividades são menos impactadas com a transformação digital. Já pensando na Administração Pública, a gente tem uma série de novas possibilidades, de prestação de serviços públicos por meios digitais que são infindáveis.
Tatiana Soster (FGV EPPG) - Já vivemos esse futuro e a tendência é aumentar os esforços e investimentos na transformação do contexto digital. Como consequência, as atividades manuais e de repetição continuarão a ser substituídas por máquinas e sistemas impactando o perfil do profissional necessário para as áreas administrativas e de Operações, por exemplo. Para além das habilidades técnicas, da literacia digital, a Gestão de Pessoas investirá nos chamados soft skills, para que os colaboradores desenvolvam as habilidades necessárias para a manutenção de saudáveis relações inter e intrapessoais e o hábito de manterem-se no fluxo da habilidade contínua, afinal, a única certeza que temos é que a mudança é uma constante.
Como a área de Administração contribuiu para a aceleração digital?
Carla Soares (FGV EBAPE) - A gestão de dados é necessária para uma gestão eficiente, por exemplo: a inteligência artificial, como ela pode ajudar o gestor de Marketing? A programar uma jornada de cliente com base em dados colhidos internamente, ou seja, com base em dados colhidos dentro da própria organização.
Maria Fernanda Cavalcanti (FGV EAESP) - Existem três contribuições fundamentais da área de administração para essa aceleração digital.
- A primeira delas diz respeito a extração nas mais diversas áreas do negócio de insights relevantes, de quantidades cada vez mais massivas de dados.
- A segunda diz respeito à identificação e à implementação de tecnologias importantes, que muitas vezes podem mudar completamente o jogo em um ambiente competitivo.
- A terceira contribuição diz respeito a assertividade com a qual o líder conduz essa mudança de tecnologia.
Quais habilidades os administradores devem estar atentos hoje em dia?
Tatiana Soster (FGV EPPG) - Pesquisas indicam um conjunto de competências essenciais para o mercado de trabalho, entre elas: a literacia digital, o raciocínio lógico, pensamento crítico, analítico e inovação e criatividade. São esperados administradores que tenham iniciativa, sejam líderes, resilientes, flexíveis, que saibam resolver problemas complexos e que estejam sempre dispostos a manterem-se abertos para novos aprendizados, necessidades do mercado e por que não, para a própria vida. Nesse contexto, a colaboração é fundamental, assim, a prática da empatia é uma premissa para a compreensão do seu cliente, parceiro, colaborador e concorrentes.
Maria Fernanda Cavalcanti (FGV EAESP) - Para entrar nessa corrida da aceleração digital o Administrador tem que estar atento a cinco principais habilidades:
1ª habilidade – Está diretamente ligada ao desenvolvimento do raciocínio quantitativo que, antigamente, não era tão necessário para um gestor, mas que hoje está muito ligado às ferramentas necessárias para manipular essa quantidade máxima de dados.
2ª habilidade - Diz respeito ao desenvolvimento dessa capacidade analítica apurada para você conseguir extrair o sentido dos dados.
3ª habilidade - Está menos ligada a questão tecnológica e mais a questão de gestão, que é extremamente importante quando falamos do sucesso dessas iniciativas para o negócio.
4ª habilidade - Está ligada, principalmente, às habilidades sociais, chamadas soft skills, para conduzir os processos de mudança que são necessários nessas iniciativas.
5ª habilidade – Refere-se ao desenvolvimento do raciocínio ético para saber quais são as implicações sociais e humanas do uso dessas novas tecnologias e dessa aceleração.
Esta matéria faz parte da série especial Conexões para o futuro: Dia do Administrador iniciada em 22 de julho no Dia do Cientista Social.
Para ter acesso aos cursos de Administração da FGV, acesse o site.
Veja as demais matérias da série:
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