Economia

Estudo investiga por que brasileiros investem pouco em renda variável 

A pesquisa aponta para fatores estruturais como os principais responsáveis pela baixa exposição dos brasileiros à renda variável

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Martin Iglesias

Uma dissertação de mestrado desenvolvida na Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGV EESP) lança luz sobre um comportamento recorrente entre investidores brasileiros: a baixa alocação em ativos de renda variável.  

O autor do estudo, Martin Iglésias, aluno do Mestrado Profissional em Finanças e Economia da FGV EESP, buscou entender por que os brasileiros destinam apenas cerca de 4% de seus recursos à renda variável — um contraste marcante em relação aos investidores norte-americanos, que costumam alocar aproximadamente metade de suas carteiras nesse tipo de ativo.  

A hipótese inicial era de que a aversão a perdas — conceito estudado por Daniel Kahneman, ganhador do Prêmio Nobel de Economia — explicaria o fenômeno. Para isso, Iglésias replicou no laboratório os experimentos clássicos de Kahneman, avaliando o comportamento de investidores por meio de testes psicométricos. No entanto, os resultados mostraram que brasileiros e americanos têm níveis semelhantes de aversão a perdas.   

Com base nesses achados, a conclusão aponta para fatores estruturais como os principais responsáveis pela baixa exposição dos brasileiros à renda variável. No Brasil, os juros historicamente elevados, muitas vezes atrelados a títulos pós-fixados de baixíssima volatilidade, tornam os ativos de renda fixa extremamente atrativos. Já nos Estados Unidos, a renda fixa possui maior volatilidade e menor retorno, o que favorece a busca por rentabilidade na bolsa de valores.  

“Se os investidores brasileiros estivessem submetidos às mesmas condições de risco e retorno dos americanos, provavelmente teriam uma alocação muito semelhante em ações”, afirma Iglésias. O inverso também seria verdadeiro: em um cenário de juros altos como o brasileiro, investidores dos EUA tenderiam a evitar a renda variável.  

O trabalho contribui para o debate sobre o perfil de risco dos investidores e reforça a importância de políticas de educação financeira e desenvolvimento do mercado de capitais no Brasil.  

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Para saber mais sobre o curso de Mestrado Profissional em Finanças e Economia da FGV EESP, acesse o site.   



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