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Homenagem aos 70 anos de Bonelli reúne economistas no Rio

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Na última segunda-feira, um grupo formado por economistas do IBRE, do Ipea, da PUC-Rio e da Casa das Garças se reuniu na sede da FGV em um seminário para homenagear os 70 anos de vida de Regis Bonelli, pesquisador da Área de Economia Aplicada do IBRE. No encontro, os economistas puderam recordar momentos compartilhados da trajetória acadêmica de Bonelli ? focada sobretudo em desenvolvimento industrial, crescimento e produtividade no Brasil ?, bem como apresentar pontos de vista atuais sobre esses temas.
 

?Pude conviver com Régis tanto na PUC-Rio, onde fui seu aluno, quanto no Ipea, nos anos 90, e mais recentemente na FGV e no IBRE. Foi no curso do Régis que tive a primeira menção à macroeconomia e à desigualdade que são marcas permanentes de meu trabalho?, declarou Marcelo Neri, presidente do Ipea. ?Quando Régis chegou ao IBRE, fomos surpreendidos com uma pessoa com mais atributos que seu currículo, virtudes que se pronunciaram comprometimento com a instituição,?, afirmou Luiz Guilherme Schymura, diretor do IBRE, destacando o papel do economista na coordenação do Boletim Macro Ibre, lançado em 2011.

Paulo Levy, do Ipea, destacou a extensa produção acadêmica do economista, que soma mais de 125 trabalhos e 56 capítulos em livros, como ?Os Limites do Possível: notas sobre o Balanço de Pagamentos e Indústria nos Anos 70?, publicado em 1976 em coautoria com o ex-ministro da Fazenda Pedro Malan. ?João Paulo dos Reis Velloso (então ministro do Planejamento) teve papel fundamental nesse momento, para preservar a liberdade de opinião e investigação, já que foi um trabalho considerado crítico ao governo, mas feito por uma instituição de pesquisa do governo e publicado por ele?, disse Malan. Presente no evento, ele ainda recordou o período em que, com Bonelli, estudavam engenharia na PUC-Rio, e a decisão de migrar para a Economia.
 

?Conheci Bonelli em 1986 através desse estudo e para mim foi a coisa mais importante que li sobre os anos 70?, disse Samuel Pessoa, pesquisador associado do IBRE. ?Estamos em um momento bom para relê-lo pois, pese as inúmeras diferenças, vivemos um momento de testar limites desenvolvimento e políticas econômicas. Também para ver que em aspectos como restrições externas, a gente melhorou muito?, afirmou
 

Os economistas convidados também compartilharam seus pontos de vista sobre ameaça de desindustrialização no país, crescimento e produtividade. Sandra Rios, do Cindes e da PUC-RIO, destacou que os principais problemas da indústria brasileira hoje se concentram em segmentos intensivos em trabalho e pesquisa e desenvolvimento. Já Rogério Werneck, da PUC-Rio, defendeu que a medida de desoneração da folha de pagamento ? que busca o aumento da competitividade de indústria ? como é feita hoje pelo governo gera pouco impacto, defendendo como alternativa à mudança da base de cálculo da cobrança do INSS uma extinção definitiva dessa contribuição, aumentando a tributação sobre o consumo.
 

Eustáquio Reis, do Ipea, destacou a tendência de reversão da abertura da economia brasileira presente na gestão de Dilma, numa crítica corroborada por Marcelo de Paiva Abreu, da PUC-Rio, indicando que a linha observada compromete a atração de investimento. Edmar Bacha, da Casa das Garças, defendeu no evento que uma retomada abertura comercial poderia reduzir o custo do investimento no Brasil. Armando Castelar, do IBRE, lembrou que entre os países do G-5 latino-americano (do qual ainda fazem parte Peru, Colômbia, Chile e México), o Brasil tem o pior ambiente de negócios segundo o ranking Doing Business 2012, e que o nível dessa abertura influencia nesse diagnóstico ? bem como no ritmo de crescimento do país, hoje aquém do das outras economias desse G5.