Livro apresenta cartas inéditas trocadas entre Getúlio Vargas e sua filha Alzira
As cartas foram escritas no período em que Getúlio se distanciou do poder. Deposto em outubro de 1945, o ex-presidente foi para São Borja, no Rio Grande do Sul, enquanto Alzira permaneceu no Rio de Janeiro. Mesmo com o afastamento, os dois mantiveram contato constante durante cinco anos.
Um conjunto de 568 cartas inéditas trocadas pelo ex-presidente Getúlio Vargas e sua filha Alzira Vargas, entre 1946 e 1950, compõe o livro Volta ao Poder – A correspondência entre Getulio Vargas e a filha Alzira (1946-1950), uma co-edição lançada pela Editora FGV e pela Editora Ouro sobre Azul. A correspondência, distribuída nas 1.650 páginas que integram os dois volumes da publicação, pertence ao arquivo de Alzira Vargas, doado ao Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil da Fundação Getulio Vargas (FGV CPDOC).
As cartas foram escritas no período em que Getúlio se distanciou do poder. Deposto em outubro de 1945, o ex-presidente foi para São Borja, no Rio Grande do Sul, enquanto Alzira permaneceu no Rio de Janeiro. Mesmo com o afastamento, os dois mantiveram contato constante durante cinco anos. Alzira passou a intermediar questões familiares ao mesmo tempo em que organizou a volta de Getúlio ao poder, em 1950, eleito democraticamente por voto direto.
O teor das mensagens variava dos pedidos dos mais íntimos como charutos, remédios, revistas e roupas, a temas políticos como composições partidárias, candidaturas, posturas e atitudes de correligionários e inimigos políticos. Uma das cartas de maior valor histórico é a de 3 de outubro de 1950, quando Alzira contou ao pai sobre o andamento das eleições naquele dia. Nessa data, ela votou pela primeira vez.
“Gê
Cheguei agora de Niterói onde fui votar pela primeira vez. Apesar dos boatos, ameaças e prognósticos pessimistas o pleito correu normal no Distrito. Houve muita abstenção, segundo os cálculos apressados dos entendidos, mais de 30%.
Aproveitando o portador mando-te charutos, sabonete, pasta, recortes da campanha e este número especial que fizemos por sugestão do Wainer e com a colaboração deste, Almir, Galvão, eu etc. em três jornais: Radical, Folha e Diário Popular. A que saiu melhor foi esta por isso te mando.
Vamos agora esperar os resultados.
Beija-te com carinho tua filha Alzira”
Organizada por Adelina Novaes e Cruz e Regina da Luz Moreira, coordenadoras do FGV CPDOC, a obra contém um acervo relevante para o entendimento do que ocorreu naquele momento no Brasil. Além da transcrição integral das cartas, o livro traz um texto inédito do crítico literário e sociólogo Antonio Candido (Prós e contras) e centenas de imagens – entre cartas, panfletos e fotografias do acervo do FGV CPDOC.
Para mais informações sobre o livro, acesse o site.
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