Mesa-redonda reúne economistas do Ibre e integrantes do Gabinete de Conselheiros do Bureau of European Policy Advisers da Comissão Europeia
Questões econômicas, sociais e comerciais foram os principais temas debatidos na mesa redonda entre economistas do Ibre e integrantes do Gabinete de Conselheiros do Bureau of European Policy Advisers (BEPA) da Comissão Europeia realizada no prédio sede da FGV, no dia 8 de abril.
Promovido pelo Ibre, o encontro reuniu o vice-diretor do Ibre, Vagner Ardeo; o especialista em análises econômicas, Regis Bonelli; a coordenadora do Centro de Comércio Exterior, Lia Valls; o coordenador da área de economia aplicada, Armando Castelar Pinheiro; os chefes do centro de estudos agrícolas, Ignez Vidigal e Mauro Lopes; e o pesquisador Fernando de Holanda Barbosa Filho. Como convidados, participaram da mesa-redonda o vice-diretor do BEPA, Jean Claude Thebault; o conselheiro, Simone Pieri; e o chefe do Global Dialogue do BEPA, João Marques de Almeida.
Fernando de Holanda Barbosa Filho analisou temas como educação, poupança, desemprego, renda, desigualdade e programas sociais no Brasil. Foram destacados os pontos positivos da Bolsa-Família, como o benefício a 12 milhões de famílias e o gasto relativamente pequeno do programa: cerca de 0,5 % do Produto Interno Bruto. Contudo, Fernando também pontuou como fator negativo o baixo investimento na educação de qualidade e, consequentemente, na falta de profissionais qualificados.
Outra questão debatida foi a grande diferença qualitativa entre escolas públicas e privadas. João Marques de Almeida exemplificou a mesma deficiência no sistema educacional em Portugal, onde as escolas privadas são melhores que as públicas ? dando mais oportunidade às crianças com situação financeira melhor. Ele comentou que a falha está no Estado, carente de uma consciente revolução educacional.
Regis Bonelli mostrou a evolução econômica no Brasil, passando pela moeda do cruzeiro, pela alta inflacionária no Plano Collor (1990-1992) e pela reconstituição financeira do Plano Real. Outros temas foram o crescimento do PIB em 2010 (7,5%), as previsões macroeconômicas, a crise na agropecuária e na indústria, o bom desempenho dos serviços e as baixas taxas de desemprego ? com mais admissões do que demissões entre janeiro de 2009 e fevereiro de 2011 no RJ, SP, BH, RS, PE, BA.
Na apresentação de Lia Valls foram discutidos os principais fatos e questões do comércio exterior. O crescimento brasileiro foi o destaque, com o aumento significativo nas exportações (aumento de 6,6% do PIB em 1995 para 12,1% em 2008) e nas importações, com o avanço de 7,1% para 10,6% em 2008. O crescimento médio anual das exportações brasileiras foi maior do que as exportações mundiais nos anos 70 e, novamente, nos últimos anos. Já a participação dos manufaturados no total das exportações foi de 15% em 1970, 45% em 1980, 59% em 2000, mas caiu para 39% no ano de 2010. Também foi abordada a questão da diversificação brasileira nos mercados de exportação.
Para Lia, temos um conflito pelo fato de sermos o maior parceiro e também o maior concorrente da China. O Brasil perdeu cerca de 41% do mercado mundial para os chineses. Esta perda se alastra para os setores têxteis, para produtos automotivos e de bens de capital.
Também foram discutidos os pontos positivos e negativos da relação Mercosul e UE. Entre os positivos ficou o fato de que a UE, menos exigente que os EUA, conseguiu construir uma agenda agrícola e no âmbito da OMC. Já entre os negativos ficaram os impactos sobre setores industriais e a dificuldade de conciliar os interesses do Mercosul.
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