Um estudo recente, realizado na tese de Doutorado do aluno Pedro Henrique Chaves Maia da EPGE Escola Brasileira de Economia e Finanças (FGV EPGE) e orientado pelo professor Bruno Barsanetti, apresenta uma análise sobre os efeitos das chuvas de alta intensidade (CAI) na mobilidade urbana da cidade do Rio de Janeiro. A pesquisa quantifica os impactos significativos dessas chuvas na utilização e funcionamento do sistema de transporte público carioca.

Os principais achados da pesquisa foram:

• Redução da Velocidade dos Ônibus: O estudo constatou uma diminuição média de 8,94% na velocidade dos ônibus durante ocorrências de chuvas intensas.
• Heterogeneidade Espacial: As áreas de planejamento mais ricas (Zona Sul e Centro) experienciam menos perda de velocidade viária decorrente das CAI mais recorrentes, porém menos intensas.
• Adaptação dos Passageiros: Há uma diminuição no número de passageiros utilizando o sistema de transporte público durante chuvas moderadas. Esse efeito é atribuído à inconveniência de acessar estações e paradas. Em chuvas mais severas, entretanto, os passageiros optam mais pelo transporte público, provavelmente, em virtude da maior resiliência do sistema ferroviário.
• Custo das Chuvas: É estimado que o custo de oportunidade anual do tempo perdido em engarrafamentos causado por chuvas de alta intensidade seja de 678 milhões de reais.

Chaves Maia utilizou uma base de dados inédita, compreendendo informações de GPS de alta frequência dos ônibus do Rio de Janeiro e dados de adesão ao transporte público, ambos entre 2017 e 2018. A análise foi dividida em quatro partes principais:

• Estimativa de Perdas de Velocidade: Avaliação das perdas de velocidade dos ônibus derivadas das chuvas intensas.
• Identificação de Gargalos: Identificação de gargalos induzidos pelas chuvas intensas, com uma análise detalhada da heterogeneidade espacial.
• Adaptação dos Passageiros: Análise das alterações do uso de transporte público em virtude das chuvas intensas.
• Análise de Impacto: Avaliação da efetividade da infraestrutura urbana e intervenções públicas na mitigação da perda de velocidade do trânsito decorrente das chuvas intensas.

Todas essas análises foram conduzidas aplicando modelos econométricos de regressão de efeitos fixos com alta dimensionalidade.

A pesquisa de Pedro Henrique Chaves Maia oferece insights valiosos para a formulação de políticas públicas e planejamento urbano. O trabalho contribui para a discussão de tópicos como:

• Adaptação às Mudanças Climáticas: As estimativas destacam a importância de considerar eventos climáticos menores, como chuvas intensas, nas discussões sobre adaptação urbana.
• Infraestrutura Urbana: A necessidade de intervenções eficazes na infraestrutura para mitigar os impactos das chuvas intensas é evidente, especialmente em áreas mais vulneráveis.
• Planejamento de Transporte Público: A pesquisa fornece dados relevantes para melhorar a resiliência do transporte público, contribuindo para um sistema mais robusto e eficiente.

O estudo destaca a relevância de uma análise aprofundada dos impactos das chuvas de alta intensidade, não apenas para a compreensão dos desafios atuais, mas também para a preparação para cenários futuros previstos pelas mudanças climáticas. A adaptação e a melhoria contínua da infraestrutura urbana são essenciais para minimizar os impactos negativos na mobilidade e na qualidade de vida dos cidadãos cariocas.

Para ler a pesquisa na íntegra, clique aqui.

Para saber mais sobre a FGV EPGE, clique aqui.