Pesquisa estima o impacto de ondas de calor na quantidade de tiroteios na cidade do Rio de Janeiro
Os dados foram segmentados por bairro, permitindo uma análise detalhada das áreas mais afetadas pelas variações climáticas extremas
Uma recente dissertação de Mestrado Acadêmico defendida por Igor de Araujo Brito (FGV EPGE) e orientada pela professora Sophie Mathes (FGV EPGE) trouxe à tona um estudo sobre a relação entre ondas de calor, poluição do ar e o aumento de tiroteios na cidade do Rio de Janeiro.
O estudo, intitulado "Hot Fuzz: The Impacts of Temperature and Air Pollution on Police Related Gun Shootings", utilizou dados georreferenciados para identificar como variações climáticas influenciam a violência urbana.
Principais Achados da Pesquisa
- Aumento da Temperatura: O adicional de um dia excepcionalmente quente por mês aumenta a frequência de tiroteios relacionados à polícia em 7,75%.
- Poluição do Ar: O adicional de um dia com altos níveis de poluição atmosférica resulta em um aumento de 3,56% na frequência de tiroteios envolvendo policiais.
- Impacto nos Finais de Semana: Os efeitos tanto da temperatura quanto da poluição do ar são mais pronunciados durante os fins de semana do que nos dias úteis.
Dados e Metodologia
Para a realização deste estudo, foram utilizados dados de incidentes de tiroteio reportados pelo Fogo Cruzado entre 2016 e 2022, combinados com informações sobre temperatura e poluição do ar fornecidas pelo projeto MonitorAR, desenvolvido pelo Ministério do Meio Ambiente.
A metodologia incluiu a análise de dados georreferenciados para identificar padrões espaciais e temporais dos tiroteios em relação às variações climáticas. Os dados foram segmentados por bairro, permitindo uma análise detalhada das áreas mais afetadas pelas variações climáticas extremas. Foram aplicados modelos de regressão de Poisson para recuperar o impacto causal das variações meteorológicas na taxa de chegada (ou ocorrência) de tiroteios.
Contribuição para a Sociedade
Este estudo tem implicações significativas para a formulação de políticas públicas e estratégias de segurança urbana. A identificação de um efeito entre condições climáticas extremas e o aumento da violência armada pode ajudar na criação de estratégias preventivas mais eficazes.
Ao explorar a interação entre o ambiente e o comportamento humano, a pesquisa de Brito destaca a necessidade de uma abordagem integrada que considere fatores climáticos nas políticas de segurança pública. Este estudo não só amplia o entendimento sobre os determinantes da violência urbana, mas também oferece um caminho para intervenções mais eficazes em prol da segurança e bem-estar da população do Rio de Janeiro.
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