Pesquisa identifica os custos sociais gerados pela priorização do transporte individual motorizado
Foram analisados os dados disponibilizados pela prefeitura de São Paulo, através do Geosampa, registrados entre 2013 e 2020, discriminando os eventos de atropelamentos e separando sinistros fatais e não fatais.
O estímulo a modos ativos de transporte é elemento central para a formulação de políticas de mobilidade mais equitativas e sustentáveis. E, segundo resultados do projeto “Shared Streets”, desenvolvido pelo FGV Cidades, para além das emissões de poluentes, os modos de transporte individuais motorizados também têm um peso relevante quando o tema é a insegurança das vias das cidades.
Segundo dados do Geosampa de 2013 a 2020, carros e motocicletas são responsáveis por mais de 80% dos sinistros com vítimas no município de São Paulo. Segundo o levantamento do FGV Cidades, a média anual de custos de saúde associados aos sinistros de trânsito por esses dois modos ultrapassa a marca dos R$ 500 milhões.
“O que a gente vê é que o automóvel tem um peso muito relevante, quando comparamos os custos por modo, em termos de sinistros não fatais, sinistros fatais. Temos, em média, o custo anual de R$ 240 milhões para automóveis e R$ 273 milhões para motos”, explicou Frederico Ramos, que integrou a equipe.
Em termos percentuais, os custos gerados por acidentes envolvendo automóveis e motocicletas são superiores a 80%. No caso dos atropelamentos, a participação dos modos individuais permanece relevante.
Dados espacializados
A metodologia da pesquisa também permitiu espacializar os casos, a partir de dados georreferenciados. Assim, segundo Frederico, foi possível identificar os custos gerados por cada área da cidade e sua contribuição para o custo total sinistros.
“Por exemplo, existe esse projeto da área de São Miguel Paulista, que é um projeto da prefeitura de traffic calming. O custo dos sinistros dessa área extrapolou o custo total de investimento da prefeitura em programas de traffic calming. Isso mostra o quanto poderia ser economizado”, destacou.
Segundo a investigação, na região de São Miguel Paulista, 374 sinistros não fatais, 12 fatais e 130 atropelamentos, que geraram um custo total de mais de R$ 22 milhões.
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