Pesquisa revela 27 novas funções para os advogados do futuro

A pesquisa Futuro das Profissões Jurídicas aponta que áreas de marketing, gestão e tecnologia serão destaque nas organizações jurídicas.
Direito
20 Dezembro 2022
Pesquisa revela 27 novas funções para os advogados do futuro

O Centro de Ensino e Pesquisa em Inovação (CEPI) da Escola de Direito de São Paulo (FGV Direito SP) está desenvolvendo um estudo, inédito no país, sobre a formação da advocacia do presente e do futuro. São parceiros do projeto escritórios de grande e médio porte no Brasil. A pesquisa trabalha em três vertentes: as habilidades e competências exigidas dos profissionais da advocacia; novas áreas e oportunidades para a prática jurídica e; o papel e os desafios da formação jurídica.

Entre os primeiros resultados, o estudo constatou que o avanço tecnológico dos últimos anos trouxe novas demandas, serviços e atividades para o setor jurídico. Diante desse cenário, os escritórios/organizações jurídicas passaram a ter áreas emergentes.

Foram mapeadas 11 categorias:

- Gestão;
- Negócios;
- Inteligência de Dados e Analytics;
- Regulatório e Relações Institucionais;
- Compliance;
- Inovação;
- Proteção de Dados;
- Consultivo;
- Negociação;
- Contencioso Estratégico;
- Outsourcing Jurídico.

Em Gestão há seis funções/habilidades requisitadas pelas organizações jurídicas brasileiras:

- C-levels
- Gestor de Projetos
- Coordenador Jurídico
- Gerente de Conhecimento
- Gestora de Risco
- Legal Ops

Na categoria Negócios são quatro funções:

- Desenvolvedor de Negócios
- Empreendedor Jurídico
- Marketing Jurídico
- Legal Copywriter

Em Inteligência de Dados e Analytics são três áreas de atuação:

- Analista de Dados jurídico
- Arquiteto jurídico
- Engenheiro Jurídico

Em Regulatório e Relações Institucionais também são procuradas três funções:

- Advocacia de relações institucionais/governamentais
- Advocacy
- Analista de Políticas Públicas

Em Inovação buscam profissionais:

- Gestor de inovação
- Legal designer

Em Proteção de Dados:

- Coordenador de proteção de dados

Em Consultivo destaque para área de marketing e tecnologia:

- Assessor jurídico
- Advertising Lawyer
- Oficial de transferência de tecnologia
- Profissional de Compliance
- Consultor de e-discovery

Em Negociação:

- Medidor/conciliador

Em Contencioso Estratégico:

- Disputes/legal Counsel

Outsourcing Jurídico:

- Secondment jurídico

De acordo com uma das autoras do estudo, a professora da FGV Direito SP, Olívia Pasqualeto, nem todas as áreas mapeadas emergentes são efetivamente novas, mas ganham novas roupagens e demandas por novas competências e habilidades.

“Os resultados apontam para mudanças de cultura organizacional e surgimento de novas funções nos escritórios, por exemplo, “head de inovação”, “engenheiro(a) jurídico(a)” e “arquiteto(a) jurídico(a)”. Além disso, áreas não relacionadas à atividade fim da advocacia ou indiretamente relacionadas, como o marketing jurídico e o legal ops, passam a ganhar relevância dentro das organizações jurídicas. Novas áreas também despontam a partir do surgimento de novas especialidades ou alterações legislativas, como o cargo de Data Protection Officer”, explica Pasqualeto.

A pesquisadora também ressalta as habilidades cada vez mais buscadas pelos escritórios de advocacia no país: “além do conhecimento técnico jurídico, básico a qualquer advogado(a), também passaram a ser muito valorizadas atualmente as chamadas soft skills, tais como a habilidade de trabalhar em grupo de forma colaborativa e a capacidade de adaptação a mudanças”.

Metodologia

Essa parte do estudo foi realizada a partir de a partir de pesquisas orientadas na rede profissional LinkedIn; no portal da Associação Brasileira de Lawtechs e Legaltechs (AB2L); em portais especializados em conteúdos jurídicos (e.g. JusBrasil, Jota, Migalhas, Conjur, Revista Análise, blogs etc.); em sites de escolas e consultorias de negócio (e.g. Aurum, FutureLaw, Thomson Reuters, McKinsey etc.); na base do Google Scholar; em portais de instituições nacionais e internacionais (e.g. OAB, ABA, OCDE, WEF etc.); e em buscas gerais no Google.

Os resultados foram filtrados segundo critérios de pertinência temática e marco temporal de dez anos, excluindo-se aqueles resultados que apontavam para áreas do conhecimento jurídico (e.g. “direito digital”) e concentrando-se em áreas de prática (novas profissões, cargos e funções) consideradas emergentes.

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