Pesquisadores revelam oportunidades para utilização de Hidrogênio Verde no Brasil

Mesmo com cerca de 87% da sua matriz energética oriunda de fontes renováveis, o Brasil ainda tem grande capacidade de expansão destas fontes.
Energia
17 Fevereiro 2023
Pesquisadores revelam oportunidades para utilização de Hidrogênio Verde no Brasil

Diante da expansão das novas fontes de energias renováveis no cenário nacional e internacional o Hidrogênio Verde vem ganhando espaço e expandindo suas possibilidades. No contexto da descarbonização do planeta em uma busca por maior sustentabilidade, ele pode ser usado como fonte de energia limpa, sendo uma solução possível para diminuir a emissão de gás carbônico no planeta, extraído de fontes limpas e renováveis.

De acordo com os pesquisadores da FGV Energia, Gláucia Fernandes, Matheus Ayello, João Henrique de Azevedo e Felipe Gonçalves, o Brasil tem o potencial para ser um dos maiores produtores de hidrogênio verde do mundo devido as suas vantagens naturais associadas a uma matriz elétrica predominantemente renovável.

Internamente, o hidrogênio tem potencial de aplicação em diversos setores industriais, de alimentos à fertilizantes, podendo também ser aplicado como substituto de combustíveis que têm alta intensidade de carbono. Além disso, pode ser utilizado como vetor energético, acumulando energia renovável em períodos de alta produção e baixa demanda de energia elétrica. 

Competitividade

Para o hidrogênio verde ter uma maior competitividade, é de suma importância o barateamento das fontes renováveis, visto que a energia elétrica corresponde por 80% do CAPEX. Como o país tem uma das tarifas de energia mais caras (CAMARGO, 2022), faz-se mister, portanto, considerar os modelos de negócio de contratação de energia para que a fonte utilizada não ultrapasse os 25 US$/MW (CHIAPPINI, 2022). Além disso, no Brasil, há o rastreamento da fonte de energia utilizada por contratos, favorecendo os modelos de negócio para produção do hidrogênio verde.

Há também uma tendência de utilizar a energia elétricas da fonte eólica offshore direcionada para a produção de hidrogênio verde. Esse arranjo, pode trazer um grande diferencial competitivo para o Brasil. Caso toda a produção esperada de eólicas offshore no Brasil seja destinada a produção de H2V, o Brasil poderia suprir até 40% da demanda energética europeia até 2040, fatia atualmente fornecida pela Rússia (FIERN, 2022).

Uso da água

O uso da água é uma questão importante quando se fala em hidrogênio verde, pois deve-se considerar uma quantidade considerável processo de produção. Além da água do mar, é possível considerar o reaproveitamento de aquíferos poluídos. Águas que são impróprias para o consumo humano podem ser utilizadas para a produção de H2V e, ao realizar essa coleta de água, o manancial acaba sendo renovado, pois a água poluente é retirada. Esse cenário pode ser explorado no Brasil. 

O país tem grande potencial de se destacar nesse mercado, em face dos diferenciais competitivos apresentados. Dessa forma, é necessária uma orientação estratégica para desenvolver uma economia do hidrogênio em harmonia com as demais fontes da matriz energética. As resoluções do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) nº 2 e nº 6 e o PL 725/22, de autoria do senador Jean Paul Prates (PT/RN), são importantes marcos nesse processo.

O PL insere o hidrogênio verde na matriz energética brasileira, estabelece a necessidade de adicioná-lo aos gasodutos e atribui unicamente à Agência Nacional do Petróleo (ANP) a competência de regulamentação desse combustível. Por sua vez, a Resolução nº 6, de 23 de junho de 2022, do CNPE, instituiu o Programa Nacional do Hidrogênio (PNH2) e estabeleceu a estrutura de governança do programa. Em 14 de dezembro de 2022, o MME abriu para consulta pública o Plano Trienal do PNH2 através da Portaria nº 713/GM/MME.

Desenvolvimento do hidrogênio

O desenvolvimento do hidrogênio, envolve uma densa cooperação internacional acoplada à oferta de linhas de financiamentos públicos e privados. Deste modo, requer quadros regulatórios transparentes e consistentes para atração de investimento privado. O Grupo Banco Mundial anunciou recentemente a criação da Hydrogen for Development Partnership (H4D), uma iniciativa global para impulsionar a implantação de hidrogênio de baixo carbono em países em desenvolvimento.

“Todos esses esforços se justificam pelo aumento da segurança energética e da diminuição da necessidade de insumos importados, além do desenvolvimento científico e tecnológico, da criação de novos empregos, a qualificação da mão de obra e inserção do país no novo mercado internacional”, ressaltaram os pesquisadores.

Leia também o artigo Panorama internacional dos desafios do hidrogênio verde.

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