Dia Mundial da Água: Escassez hídrica e reúso são destaques
Apesar dos benefícios, o reúso de água ainda esbarra na falta de instrumentos legais consistentes e de investimentos em novas tecnologias.
No Brasil, são consumidos anualmente cerca de 67,32 trilhões de litros de água, sendo aproximadamente 54% destinados para irrigação, 23% para abastecimento urbano e 9% para atividades da indústria. Tais demandas tendem a crescer ao longo dos anos, ao mesmo tempo em que aumenta o risco de escassez hídrica devido ao agravamento das mudanças climáticas.
Nesse sentido, eventos extremos recentes, como as crises hídricas nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro, apontam que, a maior variabilidade do clima em conjunto com a presente vulnerabilidade dos sistemas de abastecimento pode afetar a geração hidrelétrica, a agricultura, a produção industrial e o fornecimento de água nas cidades.
Diante desse cenário de incerteza climática, com frequência, riscos relacionados à disponibilidade e à qualidade dos recursos hídricos ultrapassam os muros das empresas. Nesse contexto, a pegada hídrica vem se mostrando uma importante ferramenta para mensurar e gerenciar os impactos relacionados à água ao longo do ciclo de vida de um produto, considerando toda sua cadeia de valor. Essa abordagem sistêmica permite quantificar não apenas o uso direto da água, mas também seu consumo em todas as etapas, desde a extração de matérias-primas até o descarte final.
Diagnósticos como aqueles resultantes de estudos de pegada hídrica destacam a importância de práticas associadas à economia circular, como o reúso e a recirculação de água no ambiente corporativo, que proporcionam a redução do consumo, melhorias na eficiência hídrica e na qualidade da água. Apesar dos benefícios, o reúso de água ainda esbarra na falta de instrumentos legais consistentes e de investimentos em novas tecnologias.
Ações de conscientização e promoção do debate na arena pública são essenciais para o avanço da agenda, de forma a promover a gestão integrada dos recursos hídricos e a redução de riscos e impactos, além de agregar inovação e ganhos sociais para além das fronteiras organizacionais.
*As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade exclusiva do(s) autor(es), não refletindo necessariamente a posição institucional da FGV.