Institucional

Economistas do IBRE avaliam que recuperação do PIB será mais lenta

Durante o evento foram apresentadas projeções de evolução do Produto Interno Bruto (PIB), do comportamento da inflação, da confiança de empresas e consumidores, da política fiscal e monetária, da economia internacional e do mercado de trabalho, entre outros temas.

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O Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (IBRE) realizou no dia 13 de dezembro, no Centro Cultural FGV, no Rio de Janeiro, o último Seminário de Análise Conjuntural de 2016. Durante o evento foram apresentadas projeções de evolução do Produto Interno Bruto (PIB), do comportamento da inflação, da confiança de empresas e consumidores, da política fiscal e monetária, da economia internacional e do mercado de trabalho, entre outros temas.

O coordenador do Boletim Macro do IBRE e um dos organizadores do evento, Regis Bonelli, fez uma introdução aos temas que foram debatidos. O economista destacou que aumentou o nível de incerteza na economia, em especial pela queda do PIB além do que as projeções indicavam, e apresentou resultados do novo Indicador de Incerteza da Economia Brasileira elaborado pelo IBRE, o IIE-BR.

Em seguida, passou a palavra para José Júlio Senna, que apresentou os indicadores da política monetária dos EUA e discutiu aspectos do ambiente que se criou após a eleição de Donald Trump. Segundo ele, o mercado está respondendo à sinalização do presidente eleito que, durante a campanha, deixou claro o conceito de ?America first?. Segundo o economista, após o resultado da eleição cresceu a procura por ativos norte-americanos em detrimento dos demais, em especial dos emergentes. Ele destacou que o efeito-Trump é responsável por colocar as bolsas norte-americanas para cima, juros de mercado mais elevados, inflação esperada em alta, expectativa de maior aperto monetário e dólar mais forte.

Na sequência, foi a vez de Viviane Seda falar sobre confiança empresarial e do consumidor. A pesquisadora destacou que o movimento em 2016 foi de melhora de uma forma geral, mas que apresentou queda nos últimos dois meses. Daí resultam níveis de confiança abaixo do mínimo histórico tanto para empresas quanto para consumidores.

?O que a gente observa é que a média dos resultados de outubro e novembro mostra que o índice de confiança tem uma atenuação e possivelmente uma redução no ritmo de crescimento, o que significa que a taxa de crescimento interanual no quarto trimestre ainda estaria no terreno negativo e possivelmente no primeiro trimestre de 2017 também?, destacou.

Salomão Quadros fez uma análise sobre a inflação em 2016, na qual destacou que o IPCA desacelerou 1,7 pontos percentuais (pp) até agosto (0,21 pp ao mês); de setembro a dezembro esse ritmo triplicou, atingindo 2,5 pp (0,62 pp ao mês). O pesquisador indicou que a projeção para inflação de dezembro deste ano poderá ficar dentro do intervalo de tolerância em torno da meta de inflação. Suas projeções para o próximo ano indicam que o IPCA estará abaixo de 6% no primeiro trimestre, podendo fechar 2017 em 5,1%.

Silvia Matos, por sua vez, abordou o cenário macroeconômico. Ela destacou que a recuperação da economia foi ainda mais lenta do que as projeções já apontavam. A pesquisadora apontou que a queda mais acentuada que o previsto em 2016 vai afetar a saída da recessão, ainda prevista para 2017. Ela ponderou que, para a economia voltar a crescer a taxas mais elevadas, porém, é necessário que a solvência do setor público seja de fato restaurada no médio e longo prazo. ?A intensificação da crise política pode dificultar a aprovação de reformas. O risco de cenários mais adversos aumentou nas últimas semanas?, disse.

Após a exposição de Silvia, o seminário passou para os comentários. Samuel Pessôa destacou que a recuperação da economia será muito lenta e muito diferente dos outros períodos de recessão que o país atravessou, com grande possibilidade de perdas permanentes. Bráulio Borges frisou que a política econômica permite projeções de crescimento de 1% em 2017, o que ainda é fraco se comparado com períodos anteriores de recessão. Por fim, Armando Castelar comentou que há muitas propostas ruins de salvacionismo sendo colocadas na mesa, havendo um risco de que o enfraquecimento político do governo o faça aceitar alguma delas.