Especialistas debatem perspectivas econômicas e políticas para 2017
O evento contou com moderação do pesquisador Regis Bonelli, que deu as boas-vindas a todos e fez uma introdução aos temas que foram debatidos ao longo do evento.

O que esperar da economia e da política brasileira em 2017? Para responder a essa pergunta e avaliar o atual momento de transição pelo qual passa o país, o Instituto Brasileiro de Economia da FGV (IBRE) promoveu, no dia 31 de outubro, o seminário ?Perspectivas 2017: economia e política em momento de mudança?. O evento abriu espaço para o debate de temas como as oportunidades que o cenário externo oferece para a retomada do crescimento brasileiro; as decisões de política econômica e o desempenho macroeconômico para 2017; as perspectivas do governo e da democracia brasileira; e o quadro político-partidário depois das eleições municipais, em especial, o que ele sinaliza para as eleições de 2018.
O evento contou com moderação do pesquisador Regis Bonelli, que deu as boas-vindas a todos e fez uma introdução aos temas que foram debatidos ao longo do evento. O diretor da Casa das Garças, José Carlos Carvalho, abordou o cenário externo e as perspectivas de crescimento econômico no Brasil. Segundo ele, o cenário global atual pode ser bastante favorável ao Brasil, com a economia mundial nem tão aquecida e nem tão estagnada. Em sua análise, o Banco Central deve reduzir juros ao longo do próximo ano, a desinflação será maior do que se estima e, apesar do crescimento em 2017 ser decepcionante, o excesso de estímulo vai credenciar uma retomada mais forte a partir de 2018.
Em seguida, foi a vez da pesquisadora do IBRE Silvia Matos falar sobre as perspectivas para a economia nacional. Ela destacou que a recessão atual foi iniciada no segundo trimestre de 2014 e é similar à ocorrida na década de 1980. Há uma expectativa de que o PIB encolha 3,4% em 2016 e que no próximo ano o crescimento seja tímido, de 0,6%.
?Temos sido um pouco mais conservadores na queda da taxa de juros. Eu acho que a grande dificuldade aqui é saber quanto da desinflação de fato virá. Temos sinais positivos e negativos que acho que o Banco Central também está olhando para isso e por isso que o BC está demorando mais e sendo mais cauteloso nessa queda de taxa de juros. E de qualquer forma, tendo um curto prazo pior, nós temos um carregamento estatístico de menos 0,5%. Então, já começaríamos 2017 com uma queda do PIB, isso dificulta um supercrescimento no ano que vem?, destacou.
Silvia destacou ainda que, caso o governo consiga evitar a crise aguda decorrente do descontrole fiscal dos últimos anos, haverá ainda a extensa e difícil agenda de retomada do crescimento econômico. Em outras palavras, o ajuste macroeconômico é apenas parte das medidas necessárias para que o Brasil volte a crescer.
Na sequência, o cientista político e professor da Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas da FGV (EBAPE), Octavio Amorim Neto, deu um panorama sobre a democracia brasileira, o diagnóstico da crise política e as perspectivas do atual governo, bem como o futuro do sistema partidário. Segundo o docente, nosso modelo de presidencialismo é extremamente poderoso, o que colabora para a fragmentação do legislativo.
?Não basta apenas reduzir a fragmentação partidária, também temos que dar conta do outro polo dessa equação constitucional que é reduzir os poderes da presidência da república de modo a forçar maior cooperação entre executivo e legislativo. Se a crise não for relativamente bem encaminhada, em 2018 teremos todas as condições para termos tristes surpresas?, destacou.
Por fim, Jairo Nicolau (UFRJ), falou sobre o quadro político-partidário após as eleições municipais de 2016 e a formação de perspectivas para as eleições de 2018. Ele destacou o alto índice de votos em branco e nulo para vereador nas grandes cidades brasileiras, algo que não foi acompanhado nos municípios menores. O professor analisou ainda o desempenho dos principais partidos do sistema eleitoral brasileiro e disse que não há espaço para a criação de novos partidos, visto o exemplo de legendas criadas recentemente e que têm apresentado dificuldades para se consolidar.
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