Institucional

FGV e Instituto Millenium debatem sobre educação brasileira

Para o diretor do FGV Crescimento & Desenvolvimento, Pedro Cavalcanti Ferreira, o baixo desempenho dos alunos brasileiros é consequência do modelo de desenvolvimento que ignorou a educação, da má organização da produção e da mão-de-obra pouco qualificada.

Compartilhe:

?Qual modelo de educação o Brasil necessita??. Este foi o tema do evento promovido pela Fundação Getulio Vargas e o Instituto Millenium, na última quarta-feira, dia 26 de outubro, no Rio de Janeiro. O encontro reuniu especialistas que analisaram o modelo de educação que o país deve seguir para avançar nessa área.

?Qualquer que seja o modelo, temos que admitir que hoje as crianças no Brasil não aprendem a pensar?, disse Arnaldo Niskier, presidente do Centro de Integração Empresa e Escola (CIEE). Niskier afirmou ainda que a lei brasileira de educação é desorganizada. ?A Lei de Diretrizes e Bases da Educação tem 20 anos de existência. De seus 92 artigos originais, 35 foram alterados?, completou. Para ele, não conseguimos um modelo ideal de educação para o nosso país com essa lei.

Ricardo Henriques, superintendente do Instituto Unibanco, falou sobre o movimento pela Base Nacional Comum. Ele esclareceu que a base avançou muito lentamente desde a sua concepção, em 1996, apesar de ter sido submetida em consulta a mais de 212 mil professores ao longo dos últimos 20 anos.  

Simon Schwartzman, pesquisador do Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade, defendeu que as decisões que envolvem o ensino médio são complexas em todos os países. ?É preciso reconhecer que as pessoas são diferentes e têm interesses distintos?, disse ele. ?O resultado do modelo único é o ensino médio desastroso e que não progride?, continuou Schwratzman. ?Quais são os conhecimentos que todo cidadão deveria ter? A resposta a essa pergunta é que deve orientar a carga obrigatória que precisa ser reduzida. Temos que pensar em competências e habilidades e não mais em disciplinas?, concluiu o especialista do Instituto Millenium.

Já para o diretor do FGV Crescimento & Desenvolvimento e coordenador do mestrado em Finanças e Economia da FGV, Pedro Cavalcanti Ferreira, o baixo desempenho dos alunos brasileiros é consequência do modelo de desenvolvimento que ignorou a educação, da má organização da produção e da mão-de-obra pouco qualificada. Cavalcanti Ferreira disse que, ?no atual status da economia do país, com predomínio do setor de serviços na ordem de 70%, a qualificação profissional é fundamental. Isso se reflete na diferença de produtividade, na oferta abundante de mão-de-obra pouco qualificada e barata, concluiu Cavalcanti Ferreira.

Gustavo Brito, cientista social do curso Laje, fechou o evento dizendo que para mudar esse panorama existem tecnologias sociais já consagradas. Para Brito, é necessário ?descolonizar? pais, educadores e crianças; reconhecer que as crianças têm interesses que representam bases para a aprendizagem; mudar a dinâmica do diálogo em sala de aula para um modelo em que todos participem; utilizar a comunicação afetiva no ambiente educacional, bem como o aprendizado participativo e o amor.