Projeto sobre patrimônio indígena é destaque em conferência global na Austrália
Programa busca aumentar as oportunidades de mobilidade, pesquisa, educação e futuras parcerias, além de contribuir para o impacto social indígena global.

Uma troca de conhecimentos entre pesquisadores indígenas do mundo inteiro. Este foi o foco da conferência Global Indigenous Reciprocal Knowledge Exchange: Developing a Community of Practice for Impact, organizada pela University of New South Wales (UNSW), em Sidney, na Austrália. O evento, que ocorreu entre 9 e 13 de fevereiro, contou com a participação da Escola de Ciências Sociais da Fundação Getulio Vargas (FGV CPDOC), através das pesquisadoras Laura Guimarães e Amnhàk Maria Aparecida Apinajé que apresentaram a experiência do projeto Patrimônio Documental Indígena: Trabalho Colaborativo entre o FGV CPDOC e o Povo Apinajé.
Durante o encontro, acadêmicos indígenas de diferentes nacionalidades se reuniram com indígenas locais e funcionários não-indígenas da UNSW para uma série de experiências culturais compartilhadas e workshops. O evento buscou promover a troca recíproca de conhecimento, e a colaboração em pesquisa e educação entre comunidades indígenas globais, a fim de contribuir para gerar impacto social duradouro para as comunidades indígenas. A ocasião também serviu de base para a criação de uma Comunidade Prática Internacional, com foco em aumentar as oportunidades de mobilidade, pesquisa, educação e futuras parcerias, enquanto contribui para o impacto social indígena global.
Na ocasião, Amnhàk Maria Aparecida Apinajé fez uma apresentação sobre o Povo Indígena Apinajé, ao integrar sua experiência como liderança indígena e sua experiência acadêmica com o trabalho colaborativo que é desenvolvido junto ao FGV CPDOC. Este projeto busca constituir um patrimônio histórico-cultural, além de reforçar a importância social e pessoal dos Apinajé.
Durante o Intercâmbio Global, as pesquisadoras participaram de uma oficina de tecelagem com práticas ancestrais, conheceram as histórias e tradições das comunidades locais por meio do passeio de barco do programa Tribal Warrior, e debateram sobre questões indígenas globais que atravessam as fronteiras dos países, a exemplo da educação indígena e a integração com o conhecimento não-indígena.
Ao longo do evento, também foi debatido os desafios e as oportunidades para a inserção dos indígenas nas universidades, ao comparar as especificidades da América Latina com o resto do mundo, e o impacto de programas de acolhimento a estudantes indígenas nas universidades.
Para Laura Guimarães, a troca de conhecimentos com pesquisadores indígenas de diferentes locais do mundo possibilita conhecer diferentes contextos das comunidades indígenas e suas respectivas culturas: “Conhecer e refletir em conjunto sobre os saberes indígenas, a partir de diferentes perspectivas, é muito enriquecedor. É inspirador ver como é possível promover práticas colaborativas que integrem o conhecimento indígena e não indígena, respeitando as particulares dos grupos e tradições”, comentou.
Amnhàk Maria Aparecida Apinajé, que também é aluna do Mestrado em Bens Culturais e Projetos Sociais do FGV CPDOC, destacou a importância de falar sobre a história do Povo Apinajé para outras comunidades indígenas:
“Essa oportunidade nos possibilita conquistar voz, poder e ocupar um papel de protagonismo. Por isso, este encontro é tão significativo, pois representa o reconhecimento e a valorização da cultura dos povos indígenas. Além disso, é uma chance de devolver ao nosso povo esse reconhecimento, servindo como inspiração para que outras pessoas indígenas também possam ter as mesmas oportunidades que estamos recebendo”, disse Amnhàk.
Para conhecer mais sobre o programa responsável por questões indígenas da UNSW, bem como as ações e políticas que a universidade tem desenvolvido nessa esfera, visite o site.
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