Administração

Adaptação e criatividade

Fabio Josgrilberg

Você conhece a história do Fosbury Flop? Até pouco tempo, eu não conhecia, mas achei fascinante. Dick Fosbury era um atleta de salto em altura na escola, na década de 1960. Seu grande momento aconteceu nas Olimpíadas de 1968, no México, quando conquistou a medalha de ouro ao saltar 2,24 metros, estabelecendo um novo recorde olímpico.

No entanto, o que realmente marcou aquela Olimpíada foi a nova técnica que ele desenvolveu e utilizou pela primeira vez: o Fosbury Flop. Até então, os atletas realizavam a aproximação final da barra de frente, com variações no movimento das pernas que lembravam uma tesoura.

Fosbury, porém, tinha dificuldades em executar o movimento tradicional. “Eu era o pior do time... um completo fracasso”, declarou ele em uma entrevista ao The Guardian. De forma intuitiva, começou a se adaptar e experimentou um novo jeito de saltar: aproximando-se da barra e girando de costas para ela.

Não é incomum que soluções criativas surjam por instinto de sobrevivência. Quando temos pouco a perder, arriscamos mais. Por isso, muitas vezes, é mais fácil falar sobre criatividade e inovação em organizações que estão sob pressão do que naquelas que estão em uma posição confortável. É a velha história: “em time que está ganhando, não se mexe”. O problema é que as coisas mudam rapidamente – e, na maioria das vezes, é melhor tentar criar o futuro do que simplesmente reagir a ele.

Outro ponto interessante no caso de Fosbury é que seus recursos limitados – no caso, suas habilidades técnicas – o levaram a encontrar uma solução inovadora, que acabou o conduzindo ao topo do pódio. O mais curioso é que ele não desistiu diante das dificuldades. Em vez disso, testou algo novo, desafiando todos os protocolos. Quando usou sua técnica pela primeira vez em uma competição oficial, os juízes precisaram debater se aquele movimento era permitido. Sim, o status quo sempre vai questionar novas soluções – faz parte do processo.

Por fim, seguindo a visão do biólogo Edward Wilson, podemos dizer que adaptação é uma das formas de definir criatividade. Esse é, para Wilson, afinal, um dos principais traços distintivos dos seres humanos em relação a outras espécies. Portanto, adapte-se, crie.

Conheça um pouco mais sobre a história de Dick Fosbury neste link.

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  • Fabio Josgrilberg

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