Gestão e iniciativa empreendedora na medicina brasileira: pesquisa revela lacunas e desafios
“As operadoras de planos de saúde sabem mais sobre a gestão do consultório ou da clínica do médico do que o próprio? Então isso abre portas para inúmeras distorções”, disse Jamal Azzam.
Como os médicos fazem a gestão do seu próprio negócio? O quanto eles conhecem de gestão e as principais deficiências do processo? Foram essa pergunta que nortearam a pesquisa de Jamal Azzam, ex-aluno do Mestrado Profissional em Gestão para Competitividade (MPGC).
Ao longo da pesquisa Jamal pode estudar as iniciativas empreendedoras e as deficiências do conhecimento em gestão especialmente pelas falhas e lacunas que existem pela formação acadêmica do médico.
Como médico, Jamal percebeu que em linhas gerais a capacidade de administração e gestão do seu próprio negócio estava muito deficiente, e isso o motivou a entender dentro do mestrado como melhorar esse processo. “Esse mestrado para mim significou muito, porque eu confio na FGV como formadora e de gestores”, disse ele.
Hoje como coordenador do curso de Gestão de Clínicas Médicas e Odontológicas entende que a perspectiva de que os médicos melhorem a sua gestão é fundamental para o seu negócio afinal de contas os médicos têm a característica de serem empreendedores, pois abrem consultórios, clínicas.
A motivação do médico foi iniciada por uma falta de pagamento de um convênio.
“Eu atendia vários convênios e descobri que um deles deixava de pagar várias consultas, procedimentos, cirurgias, exames, só que eu não sabia por que eu não conferia. E aí, um belo dia eu descobri que eles não estavam pagando. E consegui a muito custo, recuperar. Esse valor”, ressaltou.
Veja abaixo a entrevista completa:
Quais as perspectivas encontradas na pesquisa?
Metade dos médicos no Brasil misturam as suas finanças de pessoas físicas como jurídicas. Isso é um absurdo, porém pode acontecer. Então o princípio básico é não misturar a sua conta física com a jurídica. E essa foi uma das constatações da pesquisa. A perspectiva é chamar a atenção do médico às suas deficiências de gestão para que eles se aprimorem. E isso tem gerado uma busca cada vez maior e tem feito com que os médicos venham buscar cada vez mais o estudo de gestão. Tanto é que a gente está vendo o crescimento da busca tanto nos MBA s os cursos de média duração.
Poderia falar mais sobre o projeto?
Eu sou médico formado pela faculdade de medicina da Universidade de São Paulo em 1986, e logo em seguida da minha formatura abri uma clínica. Atendia vários convênios e poucos anos depois descobri que um deles deixava de pagar várias consultas, vários procedimentos, cirurgias, exames, só que eu não sabia por que eu não conferia os dados, simplesmente mandava as faturas e o que pagar pagou. Um dia descobri que eles não estavam pagando. E consegui a muito custo, recuperar esse valor. Isso foi em 1997 e me despertou uma questão muito importante: eles sabem mais sobre minha gestão do que eu. E foi aí que eu comecei a pensar em gestão e como isso seria importante para um médico, afinal, os médicos têm a característica de serem empreendedores, eles abrem consultório, eles abrem clínicas.
E ao longo dos anos fiz o meu primeiro MBA de Gestão Estratégica e Econômica de Negócios na FGV em 2008, posteriormente fiz a extensão do MBA na Universidade da Califórnia em Irvine. Em 2012 fiz MBA em Inteligência Empresarial na Fundação. E em 2016, fui aluno da primeira turma do MPGC.
Quais os objetivos da pesquisa?
O objetivo da pesquisa foi entender como os médicos no Brasil praticam a gestão, o quanto eles conhecem sobre o tema e as suas principais deficiências na área médica. O foco é a otimização e melhoria da gestão para levar resultados melhores na prestação do serviço de saúde em benefício do paciente e da população como um todo.
Qual foi sua motivação?
As operadoras de planos de saúde sabem mais sobre a gestão do consultório ou da clínica do médico do que o próprio? Então isso abre portas para inúmeras distorções. A minha motivação é fazer com que o médico otimize esse processo, melhore a sua gestão em prol do paciente e da população.
Você possui alguma ligação profissional com o tema?
Eu fui empreendedor durante 30 e sou empreendedor ainda, durante 38 anos, e agora sou formado em Gestão através do Mestrado Profissional em Gestão para Competitividade (MPGC). Eu tenho essa questão em que tanto sou um médico como gestor, então enxergo esses dois lados, especialmente das clínicas e consultórios médicos.
Por qual motivo você decidiu cursar o mestrado da FGV EAESP?
A FGV é a instituição de maior excelência em gestão no Brasil e referência para todas as outras. Além de muito sólida com professores de altíssimo nível. Esse foi o meu principal estímulo. Mas naturalmente, eu já tinha uma carreira dentro da FGV, pois fiz o meu primeiro MBA em 2018, fui para a universidade da Califórnia pela FGV. Então eu já tinha uma experiência com a instituição e decidi fazer meu quarto curso lá, além dos outros de curta e média duração que eu já tinha feito na Fundação. Mas esse mestrado para mim significou muito, porque eu confio na FGV como formadora e de gestores.
Como foi a passagem de aluno para professor?
Essa é uma mágica transformadora na minha vida profissional. É incrível porque eu me transformei em professor depois de 30 anos, empreendedor e médico, ou seja, eu já tinha as minhas habilidades e as minhas deficiências dentro da gestão. Consegui uma bagagem de formação muito grande que a Escola me deu, me proporcionou instrumentos para que eu pudesse agora retribuir a sociedade a minha experiência, afinal, eu tenho um propósito maior, que é beneficiar os nossos pacientes, seres humanos com uma saúde melhor.
Veja o vídeo abaixo:
Para saber mais sobre o Mestrado Profissional em Gestão para Competitividade (MPGC) da Escola de Administração de Empresas de São Paulo (FGV EAESP), acesse o site.
Essa matéria faz parte da série Ideias que Transformam.
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