Editora FGV lança obra de José Carlos Reis que reescreve a história do Brasil
Este livro visa problematizar essa noção de “história geral do Brasil” e propor uma “história plural do Brasil”, não etnocêntrica, em que as diversas regiões do país contam diferentemente a história brasileira, mantêm relações diferentes com o passado e propõem projetos diferentes para o futuro.

Terceira incursão do historiador José Carlos Reis no projeto de mapeamento historiográfico brasileiro, a obra “Identidades do Brasil 3 - De Carvalho a Ribeiro: História plural do Brasil”, publicada pela Editora FGV, reivindica a necessidade de os brasileiros reavaliarem o próprio percurso histórico. O objeto deste livro é a (re)escrita da História do Brasil, a construção e a reconstrução dos discursos sobre a história brasileira durante o século XX.
Trata-se de um estudo reflexivo, uma história intelectual, uma avaliação crítica da produção histórico-sociológico-antropológica sobre o Brasil, onde o autor diferencia um “ponto de vista geral” de um “ponto de vista plural” e defende a necessidade de os cidadãos brasileiros começarem a ver a história brasileira de forma diferente.
De acordo com José Carlos Reis, o ponto de vista da “história geral” tem sua matriz na “história universal” escrita pelos europeus para legitimarem suas invasões e conquista do planeta. Os franceses, ingleses e alemães escrevem a história dos outros povos de tal maneira que eles se sintam resgatados, salvos da barbárie, do caos primitivo, do paganismo, com a chegada deles, os brancos cristãos europeus.
Neste ângulo de observação e de historiografia, o que os indígenas da América, os negros da África, os orientais pensam da sua própria história não importa, pois, ao entrarem em contato com os europeus, suas histórias ganharam um centro e passaram a ser decididas e dirigidas por protagonistas externos.
O ponto de vista dessa história geral dedicada ao Brasil era etnocêntrico, branco e elitista, com a generalização do olhar de um grupo e de uma região que se tomava como centro do todo. Essa história geral expressava um projeto político de conquista e colonização de uma região que se considerava superior às outras, com a Corte fluminense, desde a Independência, representada como o núcleo branco, cristão e ocidental do Brasil que tinha a missão heroica de “salvar o país”, levando ao interior bárbaro, com violência, se fosse necessário, os valores da civilização ocidental.
Este livro visa problematizar essa noção de “história geral do Brasil” e propor uma “história plural do Brasil”, não etnocêntrica, em que as diversas regiões do país contam diferentemente a história brasileira, mantêm relações diferentes com o passado e propõem projetos diferentes para o futuro. Com esse ponto de vista plural, Reis sustenta que não deve haver uma narração única e ideal da experiência brasileira, porque as regiões brasileiras viveram ou repercutiram diferentemente essa experiência.
Para mais informações sobre o livro, acesse o site.
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