Ciências Sociais

Escola, jornada e pandemia: FGV Social lança pesquisa sobre o retorno às aulas presenciais

O ponto de partida do estudo foi a aferição dos movimentos de saída e retorno à escola durante o tempo da pandemia.

Compartilhe:
Escola, jornada e pandemia: FGV Social lança pesquisa sobre o retorno às aulas presenciais

Com o afrouxamento das medidas relacionadas à pandemia e a diminuição das restrições, o funcionamento das escolas tem passado por diferentes fases. Nesse contexto, o FGV Social lançou uma pesquisa sobre o retorno às aulas e as tendências diagnosticadas nesse período. O ponto de partida do estudo foi a aferição dos movimentos de saída e retorno à escola durante o tempo da pandemia.

Há aumento da taxa de evasão escolar na faixa de 5 a 9 anos de 1,41% para 5,51% entre os últimos trimestres de 2019 e 2020. Voltamos neste ápice da evasão do Covid-19 aos níveis de 14 anos antes. No terceiro trimestre de 2021 a taxa de evasão volta a 4,25% ainda cerca de 128% mais alta que o observado no mesmo trimestre de 2019. Há tendencia diversa da evasão escolar na pandemia entre faixas etárias. Os mais novos saíram mais da escola e retornaram menos aos bancos escolares. Há um ciclo de saída da escola ao longo do ano letivo que deve ser combatido desde o seu início pois aí se estabelece um piso da taxa de evasão do ano. De forma consistente as crianças apresentaram as taxas mais altas de distanciamento social rigoroso (39,1% de 5 a 9 anos contra 23,9% daqueles com 60 anos ou mais ou 10,1% de 15 a 19 anos em setembro de 2020). 

Complementarmente, foi proposto um indicador síntese que marca como um relógio as horas dedicadas por cada estudante potencial ao aprendizado presencial ou à distância. Este indicador integra a questão discreta de estar ou não matriculado, com a marcação dos dias e das horas de fato empenhados no ensino. O tempo para escola médio para o grupo de 6 a 15 anos em setembro de 2020 calculado a partir dos microdados da PNAD Covid foi de 2 horas e 23 minutos por dia útil, cinco minutos inferior à média da faixa de 15 a 17 anos. Invertendo a posição deste último que era 34 minutos menos 14 anos antes.

Os alunos mais pobres, os da rede pública, aqueles em lugares mais remotos e em particular os mais novos foram os que mais perderam tempo de estudo durante a pandemia. Por exemplo, os do Bolsa Família entre 2006 e 2020 caiu 2 horas (de 4 horas e 1 minuto para 2 horas e 1 minuto). Se a perda de matrículas na pandemia para faixa de 5 a 9 anos revela uma volta aos níveis de 2006, esta perda é ainda maior em medidas mais amplas de tempo de estudo, principalmente na baixa renda. 

A falta de atividades escolares percebidas pelos estudantes é mais relacionada à inexistência de oferta por parte das redes escolares do que a problemas de demanda dos próprios alunos. Enquanto 12% dos estudantes de 6 a 15 anos não receberam materiais dos gestores educacionais e professores, apenas 2,7% não utilizaram os materiais que receberam por alguma razão pessoal. Regionalmente vai de 38,9% dos estudantes no Pará a 2,09% no Paraná. Há um agravamento nas desigualdades de educação no Brasil durante a pandemia, invertendo a tendência prévia ao crescimento e a equidade na acumulação de capital humano. Os alunos das séries iniciais que tinham obtido os maiores avanços escolares nas quatro últimas décadas foram os mais penalizados durante a pandemia. A vacinação das crianças contra o Covid-19 se apresenta como medida fundamental para o retorno a escola com mais segurança para todos.

Para ter acesso a pesquisa completa, acesse o site.