Comunicação

Especialistas debatem impacto do avanço da IA generativa no ensino superior

O encontro apresentou dados da primeira fase de pesquisa sobre o assunto e levantou questões para reflexão sobre como ensinar no novo contexto tecnológico

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Especialistas debatem impacto do avanço da IA generativa no ensino superior

O uso disseminado de ferramentas de inteligência artificial nas diversas atividades humanas, em especial na educação, provoca mais inquietações que certezas: quais os limites éticos para o uso de aplicativos como o ChatGPT na formação e procedimentos de pesquisas de alunos? Quais os impactos pedagógicos provocados por essa nova forma de aprendizado? A relação entre professores e alunos irá se transformar? Como ficará a questão emocional, que pode ser expressa pela dependência do aluno da IA generativa ou mesmo pela fragilização da relação humana que decorre do aprendizado com os professores.

Essas e outras questões foram debatidas no encontro “Inteligência Artificial Generativa e Ensino Superior”, organizado pelo Centro de Ensino e Pesquisa em Inovação (CEPI) da Escola de Direito de São Paulo (FGV Direito SP) em 18 de junho de 2024, que reuniu diferentes especialistas no tema.

O evento integra o projeto de pesquisa “Inteligência Artificial e Ensino Superior”, desenvolvido em parceria com o Hub de Inovação Pedagógica da FGV (HIP FGV), coordenado pela professora Marina Feferbaum. A pesquisa pretende aprofundar os fundamentos e aplicações da IA generativa por meio da análise de políticas e princípios éticos para utilização que vêm sendo adotadas por diferentes cursos e instituições de ensino no Brasil e ao redor do mundo.

Pesquisadores do CEPI apresentaram as conclusões da primeira fase do estudo, que se refere à revisão de literatura. “Fizemos uma sistematização de como a literatura tratou do tema até o momento atual, identificando consensos e pontos a serem explorados”, explica a pesquisadora Clio Radomysler.

Os pesquisadores se debruçaram no período de 2020 a 2024 nos mais relevantes artigos acadêmicos sobre o tema e um ponto levantado foram os desafios éticos e jurídicos a ser superados para a boa utilização da tecnologia: temas como integridade acadêmica, plágio, falta de precisão de dados e fontes, vieses e discriminações, privacidade e segurança de dados, transparência e desigualdade no acesso foram os principais destaques.

A literatura analisada também buscou refletir sobre estratégias pedagógicas para lidar com os desafios da IA no ensino, como a incorporação de novas formas de avaliação, a utilização da tecnologia no planejamento pedagógico e para a elaboração de dinâmicas em sala de aula e iniciativas de letramento discente sobre IA no currículo.

As próximas fases tratarão de diagnosticar como as instituições de ensino estão lidando com os desafios éticos, jurídicos e pedagógicos da sua adoção e analisar os princípios e diretrizes para a incorporação da IA na FGV e em outras instituições de ensino.

Melina Ferracini, pesquisadora da Lawgorithm, associação de pesquisa em inteligência artificial estruturada por professores da USP de forma interdisciplinar, com o objetivo de estudar a aplicação da IA em todas as suas abordagens, foi convidada a destacar as principais atividades da associação, voltadas para fóruns de debate sobre o tema, ferramentas para aprimorar decisões do judiciário, influenciar no debate sobre a regulação do setor, entre outros. Juliano Maranhão, professor da Faculdade de Direito da USP, apresentou resultados de survey realizado no âmbito da FDUPS sobre percepções de estudantes com relação ao uso de IA Generativa em atividades da faculdade.