FGV Editora 50 anos: um legado de conhecimento compartilhado
Em entrevista especial ao FGV Notícias, a professora Marieta Ferreira detalha a trajetória da Editora e revela estratégias de sucesso.

Neste ano, a FGV Editora chega ao seu cinquentenário e celebra os anos de compromisso com a publicação e divulgação de obras das diversas áreas do conhecimento, a fim de colaborar com a melhoria da educação brasileira. A unidade surgiu para atender as necessidades internas da Fundação, mas conquistou o lugar de relevância no cenário acadêmico e editorial do país ao longo dos anos.
Em entrevista especial para o FGV Notícias, a diretora da FGV Editora, professora Marieta Ferreira, compartilha como a área surgiu: “Em 1945, um ano após o seu surgimento, a Fundação criou uma Seção de Publicações, que publicava relatórios, materiais de cursos e revistas. Nesse tempo, não havia uma editora como hoje, já que eram publicados apenas os materiais da casa. Em 1974, a área ganha uma estrutura maior e mais importante, e foi renomeada como Editora da Fundação Getulio Vargas. Já em 1996, houve uma grande reestruturação dentro da FGV, e a Editora torna-se uma unidade independente com o cargo de direção e uma autonomia que não existia antes.”
A coleção FGV Management
Um dos momentos mais emblemáticos da história da FGV Editora foi o lançamento da coleção FGV Management, em 2003, sob a direção da professora Alzira Alves de Abreu. A coleção surgiu como uma resposta à falta de materiais didáticos organizados para os cursos do FGV IDE (Instituto de Desenvolvimento Educacional).
“Antigamente, eram pesquisas e classificadores pesados onde folhas eram organizadas, os estudos eram por meio de livros indicados por professores, e não havia um material didático padronizado e organizado”, lembra a atual diretora, professora Marieta Ferreira.
A coleção foi distribuída gratuitamente para os alunos de MBA da FGV e se tornou um marco tanto para a Editora quanto para a Fundação como um todo. Até hoje, foram produzidos mais de 4 milhões de exemplares, físicos e digitais, tornando-se um verdadeiro cartão de visitas da FGV Educação Executiva.
A era dos ebooks
Sob a liderança de Marieta Ferreira desde 2008, a FGV Editora se adaptou rapidamente às mudanças tecnológicas. Em 2009, a professora propôs a produção de livros digitais, antecipando tendências que se consolidariam nos anos seguintes.
“Era uma coisa que estava surgindo, e estávamos discutindo como proceder. Na época, o professor Carlos Ivan Simonsen Leal orientou que o processo deveria ser internalizado e que seria importante a Fundação ter a experiência do processo de produção de livros digitais. Nossa unidade se uniu com a Diretoria de Tecnologia de Informação da FGV e foi estudado o passo a passo de como o material diagramado seria distribuído e vendido no nosso site, garantindo que eles possuíssem o DRM (Digital Rights Management), a fim de evitar a pirataria”, explica Marieta.
Naquele momento, poucas editoras contavam com plataformas próprias de produção e distribuição de ebooks, o que posicionou a FGV Editora como uma das pioneiras no segmento.
Reconhecimentos
A qualidade das publicações da FGV Editora é amplamente reconhecida. Em 2024, dois livros se destacaram: Modelos de volatilidade para derivativos, do professor Yuri Saporito, finalista do Prêmio Jabuti na categoria Matemática, Probabilidade e Estatística; e Estado de direito e populismo autoritário: erosão e resistência institucional no Brasil (2018-22), do professor Oscar Vilhena Vieira, vencedor do 10º Prêmio Abeu na categoria Ciências Sociais Aplicadas.
Além disso, a Editora mantém uma curadoria rigorosa e busca sempre parcerias com autores de renome, tanto da FGV quanto de outras instituições. “A Fundação também publica livros que são de professores de outras instituições, de outras universidades, de outros centros de pesquisa e que tem angariado muito sucesso. É uma editora com um padrão de qualidade acadêmico reconhecida, inclusive nas principais agências de financiamento, por isso nós temos tido muito sucesso em ter financiamento de agências como FAPERJ, CAPES e CNPq, que apoiam as publicações que nós fazemos aqui”, aponta Marieta.
De olho no futuro: audiobooks e assinatura digital
A FGV Editora continua desenvolvendo estratégias para receber as demandas do futuro. Entre os projetos em desenvolvimento estão os audiobooks, que serão lançados de forma seletiva, considerando que muitas obras possuem gráficos e tabelas que dificultam a adaptação. Outro destaque é o módulo de empréstimo de livros, onde usuários poderão assinar pacotes de livros digitais e ter o acesso por um período determinado.
Missão de disseminar o conhecimento
De acordo com a professora Marieta Ferreira, a Editora sempre teve o compromisso de compartilhar conhecimento. O que mudou, com o passar dos anos, foram os canais de distribuição de conteúdo: “Antigamente existia uma dificuldade para que algumas pessoas conseguissem comprar os livros, mas hoje você consegue comprar qualquer livro nosso em plataformas como a Amazon, Google e Apple. É muito interessante que o conhecimento produzido dentro da Fundação, e também das obras que publicamos de especialistas de fora, seja distribuído de forma eficaz e rápida.”
Em conclusão, a professora conta que a existência da Editora dentro da Fundação revela a força da produção da Instituição e tudo o que vem sendo produzido pelos pesquisadores da Fundação Getulio Vargas.
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