Livro reflete múltiplas narrativas da América Latina na luta dos povos indígenas
A obra narra as condições da produção, a busca documental empreendida pelo fotógrafo Pedro Valtierra e seu trabalho de edição nesta imagem.

A icônica e premiada imagem intitulada As mulheres de X’oyep tem sua trajetória mapeada pelo historiador Alberto del Castillo Troncoso no livro “As mulheres de X'oyep: fotografia e memória”. Publicado pela FGV Editora, a obra narra as condições da produção, a busca documental empreendida pelo fotógrafo Pedro Valtierra e seu trabalho de edição nesta imagem.
No dia 22 de dezembro de 1997, no município de San Pedro Chenalhó, no estado de Chiapas, no México, um grupo de 60 paramilitares disparou, com armas de uso exclusivo do Exército, contra homens, mulheres e crianças integrantes de uma organização pacífica, simpatizante do Exército Zapatista de Libertação Nacional (EZLN), que rezava dentro de uma pequena igreja no povoado de Acteal.
Nesse contexto de violência e tensão, em 3 de janeiro de 1998 um batalhão com cerca de 200 soldados mexicanos ocupou um olho-d’água que beneficiava as comunidades de Chenalhó, muito próximas da de X’oyep - uma modesta aldeia formada por uma dezena de casas de tábuas de madeira e tetos de zinco. Em busca de notícias sobre os fatos posteriores ao massacre de Acteal, o fotógrafo Pedro Valtierra, coordenador do departamento de fotografia do jornal La Jornada, estava em X’oyep quando mulheres tsotsiles enfrentaram os soldados.
No turbilhão do confronto, Valtierra captou o instante em que duas delas investem contra um dos militares. A expressão de susto de um lado, o destemor do outro, a desproporção de forças e estaturas (em que o fuzil calibre 7.62 mm portado pelo homem é apenas um pouco maior do que os corpos femininos) conferem expressiva carga estética e simbólica à foto.
Troncoso, ao eleger a fotografia de imprensa para análise, articula as imagens visuais ao campo social e político e à representação estética e, nesta obra, investiga os múltiplos aspectos que constituem o complexo processo de construção de uma imagem poderosa como a fotografia As mulheres de X’oyep que, transcendendo a si mesma, se tornou um dos símbolos mais representativos da resistência indígena na América Latina.
A versão em português, publicada pela FGV Editora, conta com a tradução de Pablo F. de A. Porfirio e prefácio de Regina Beatriz Guimarães Neto e Antonio Torres Montenegro. A obra ainda apresenta uma variedade de fotografias de arquivo e de outros fotógrafos, além de Valtierra, que representam os momentos descritos pelo autor.
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