Novo livro fala sobre atraso histórico na educação do Brasil desde a Independência
O livro, apresentado pelo Ministro do Supremo Tribunal Federal, Luís Roberto Barroso, traz pesquisa do jornalista Antônio Gois, que investiga as raízes profundas do atraso brasileiro nesse setor.

O atual quadro insatisfatório da educação brasileira é resultado de um longo histórico de descaso e de decisões equivocadas, que cobram um preço alto ao país até hoje. Este é o argumento principal do livro “O ponto a que chegamos: duzentos anos de atraso educacional e seu impacto nas políticas do presente”, de Antônio Gois, jornalista especializado em educação lançado pela FGV Editora, que será lançado no Rio de Janeiro e em São Paulo.
O evento de lançamento ocorre no Rio de Janeiro, dia 28 de julho, às 19h, na Blooks Livraria (Espaço Itaú de Cinema - Praia de Botafogo, 316, Botafogo, Rio de Janeiro/RJ) e contará com a presença do autor, Antônio Gois, e o ex-Ministro da Educação e Diretor do Centro de Desenvolvimento da Gestão Pública e Políticas Educacionais da FGV (FGV DGPE), José Henrique Paim.
Já em São Paulo, o encontro será realizado no dia 8 de agosto, na Livraria da Vila (Rua Fradique Coutinho, 915, Pinheiros, São Paulo/SP). Além do autor, participam do evento o diretor de pesquisa e avaliação do Cenpec e presidente da Anpae, Romualdo Portela e o professor da FGV EAESP e membro do conselho consultivo do Todos Pela Educação, Fernando Abrucio.
O livro, apresentado pelo Ministro do Supremo Tribunal Federal, Luís Roberto Barroso, traz pesquisa do jornalista Antônio Gois, que investiga as raízes profundas do atraso brasileiro nesse setor. Ele defende a necessidade de“entender a trajetória da educação no Brasil até o ponto a que chegamos é parte fundamental do esforço para melhor diagnosticar os desafios atuais, evitando soluções simplistas para problemas estruturais complexos”.
O autor busca explicar, em linguagem acessível a um público amplo, como, desde a Independência, a despeito de generosas promessas em discursos e leis, foi sendo construído esse atraso em relação a países desenvolvidos, ou mesmo frente a algumas nações vizinhas.
Outro tema abordado é o falso mito da maior qualidade da educação pública no passado. Se é ainda frustrante constatar hoje que um em cada quatro jovens de 15 a 17 anos não frequenta o ensino médio, é preciso lembrar que esse quadro era muito pior. Na década de 1960, por exemplo, apenas seis em cada 100 alunos que ingressavam no antigo primário conseguiam chegar até o fim do que hoje seria o ensino médio. O principal gargalo do sistema estava na primeira série, onde as taxas de reprovação superavam 50% ao longo de quase todo o século XX, fazendo com que apenas uma pequena elite de sobreviventes chegasse ao final de sua trajetória na educação básica.
“Essa constatação não necessariamente contradiz a memória individual daqueles que porventura lembram do seu tempo de escola com satisfação. Algumas poucas ilhas de excelência existiam, e continuam existindo. O argumento central é que, como sistema, nunca tivemos educação de qualidade”, afirma o autor.
A análise histórica da trajetória da educação brasileira mostra que o país perdeu sucessivas oportunidades, tanto em períodos ditatoriais quanto em tempos democráticos, de ampliar o financiamento em momentos mais favoráveis. Revela ainda que a concepção de um sistema desigual desde a origem não foi fruto do acaso, mas uma estratégia às vezes até explicitada em documentos e discursos públicos de autoridades.
Apesar de alguns avanços recentes, especialmente a partir da redemocratização do país, o acúmulo de decisões equivocadas ao longo de dois séculos cobra um preço alto para o desenvolvimento do país. Entender essa trajetória até o ponto a que o Brasil chegou é, portanto, parte fundamental do esforço para melhor diagnosticar os desafios do presente e desenhar políticas públicas mais eficazes, evitando soluções simplistas para problemas estruturais complexos.
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