Pesquisa mostra como as empresas cuidam da saúde mental dos seus funcionários
Um contraste entre a alta incidência de transtornos mentais entre profissionais no Brasil e ações insuficientes para lidar com o problema. Este foi o impasse encontrado por Paul Ferreira (diretor do Mestrado Professional em Administração da FGV EAESP), Taynã Appel (Graduanda em Administração de Empresas pela FGV EAESP e Universidade Bocconi) e Ines Hungerbühler (Head of Clinical Strategy na Gympass) que motivou o desenvolvimento de um estudo a respeito.
Realizada com o apoio de 572 profissionais, a pesquisa foi publicada na revista GV-Executivo tem como objetivo apontar caminhos para mudar tal cenário. A pandemia de Covid-19 foi o estopim para o aumento de volume nos casos relacionados à saúde mental. Assim, empresas passaram a conferir maior atenção ao tópico, contudo, ainda assim, existem organizações que subestimam a importância e a necessidade de manter o assunto no radar.
Ao longo do estudo foi verificado entre as organizações e lideranças:
- Implantação de diferentes benefícios com a pandemia;
- Essas iniciativas são percebidas como insuficientes pelos colaboradores e há divergências entre o que a empresa comunica e o que de fato é aplicado no cotidiano de trabalho;
- O papel das lideranças é central na articulação de qualquer política de saúde mental.
Resultados encontrados
- A situação atual da saúde mental nas empresas
A pandemia iniciada em 2020 e 2021 mostrou a saúde mental dos trabalhadores muito afetada por questões ligadas a saúde, riscos de vida e futuro incerto. Em 2022 o cenário muda para as preocupações ligadas a sobrecarga profissional desencadeando episódios de desmotivação, crise de pânico, depressão e até em Burnout.
- Os benefícios mais importantes
Os principais benefícios vistos foram a saúde, auxílios financeiros e liderança/desenvolvimento profissional.
- Comunicação, implementação e gaps de percepção
Na percepção da maioria dos entrevistados, as empresas não implementam nem comunicam oito dos 12 benefícios listados como prioritários. Como o caso de programas completos de saúde mental com atendimento psicológico, entrega de máscaras, mindfulness, ioga, etc.
- O papel dos gestores
A proposta de maior importância para os respondentes envolve melhoria da comunicação ou alinhamento com seus líderes, mas quase dois terços deles afirmam não existirem programas nesse sentido.
- Saúde mental e desempenho
Apesar das empresas terem plena ciência da necessidade de cuidar da saúde mental dos seus funcionários, as evidências servem de contra-argumento à visão míope de que cuidar da saúde mental e manter o bem-estar da força de trabalho é apenas uma forma de reduzir custos. O que foi observado é que elas pouco fazem ou nada se preocupam.
O artigo evidencia três aprendizados que são relevantes para as organizações e suas lideranças:
- A resposta inicial das empresas à demanda por cuidado à saúde mental se baseia na implementação de diferentes benefícios aos funcionários;
- Essa resposta ainda é percebida como insuficiente pelos funcionários e sofre de divergências entre o que a empresa comunica e o que é aplicado no cotidiano de trabalho;
- O papel das lideranças é central na articulação de qualquer política de saúde mental.
Recomendações
- Incentivar conversas abertas para reduzir o estigma
- Ouvir primeiro. Manter uma escuta ativa é importante.
- Fornecer treinamento em saúde mental
De acordo com os pesquisadores foi verificado na pesquisa que os colaboradores necessitam de um apoio holístico no que se refere a saúde mental. “A solução é uma abordagem proativa que coloca os funcionários em primeiro lugar e redesenha os arranjos de trabalho, processos e objetivos para que sejam mais humanos e saudáveis para os trabalhadores. Isso não apenas ajudará o RH a recuperar um papel mais estratégico, como também traz benefícios positivos de longo prazo, incluindo maior engajamento, produtividade e lealdade dos funcionários”, salientaram os pesquisadores.
Para ler o artigo completo, acesse o site.
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