Comunicação

Rupturas e tendências da comunicação digital: estudo aborda desafios da lógica midiática

O artigo destaca pontos críticos que os gestores podem utilizar como guia para enfrentar os desafios resultantes da expansão do campo comunicacional no século XXI.

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Rupturas e tendências da comunicação digital: estudo aborda desafios da lógica midiática

A acelerada digitalização da sociedade gera transbordamento da lógica midiática para áreas como política, economia e cultura e reconfigura relações de poder e de mercado contemporâneas. Nesse contexto Victor Piaia (professor da FGV ECMI), Renata Tomaz (professor da FGV ECMI), Marco Ruediger (diretor da FGV ECMI), Amaro Grassi (coordenador de projetos da FGV ECMI) e Ana Guedes (vice-diretora da FGV ECMI) escreveram um artigo sobre “Rupturas e tendências da comunicação digital” para a revista GV-executivo, da Escola de Administração de Empresas de São Paulo (FGV EAESP). 

Os pesquisadores identificaram pontos críticos da transformação comunicativa digital, com ênfase: na circulação de desinformação e discurso de ódio; no potencial de desestabilização de instituições, atores políticos e mercados; nos desafios da regulação de redes sociais; e no avanço da inteligência artificial.  

O artigo destaca pontos críticos que os gestores podem utilizar como guia para enfrentar os desafios resultantes da expansão do campo comunicacional no século XXI. Seu foco central é analisar os fenômenos básicos ligados a mudanças na comunicação digital e compreender seus impactos nas esferas política, econômica e cultural.  

As crescentes ondas de midiatização têm impulsionado transformações sociais, políticas e econômicas significativas. Porém o momento atual passa por uma mudança latente, devido a três processos:  

- Conectividade constante: Proliferação dos smartphones e da tecnologia para apagar as fronteiras do ato de estar online;

- Sociabilidade automatizada: Quantificação e gerenciamento das conexões;

- Plataformização: Experiência da mediação digital dos usuários por intermédio das lógicas de negócios de conglomerados tecnológicos. 

“Nesse sentido, pensar a comunicação digital é pensar sobre processos que não se restringem ao campo da comunicação e que têm se tornado cada vez mais presentes – às vezes de modo turbulento – em outros campos relevantes da vida social”, disseram os pesquisadores. 

Foram percebidos quatro pontos críticos da comunicação digital atualmente:  

  • Circulação de desinformação e discurso de ódio;  

Este ponto crítico está relacionado ao papel central que plataformas de redes sociais e aplicativos de mensagem ocupam na disseminação e no alcance de campanhas de desinformação, teorias conspiratórias e propagação de discurso de ódio. Apesar de distintos, esses fenômenos ganharam outra dimensão com a transformação na estrutura e na dinâmica de visibilidade do debate público digital. Ou seja, os conteúdos estavam disponíveis, mas acessá-los exigia esforço, o que resultava na circulação circunscrita a bolhas extremistas, sem atingir o debate público mais amplo. 

  • Potencial de desestabilização de instituições / Atores políticos e mercados; 

Em um momento de plena – e acelerada – transformação no ecossistema comunicativo, os espaços digitais vêm sendo o centro de um processo de crescente questionamento a autoridades e instituições legitimadas, indo desde a crise de confiança em relação a veículos de mídia tradicionais até a defesa de que o sistema eleitoral seria fraudulento. A comunicação digital teve papel na disseminação de discursos que promoveram a desconfiança no sistema eleitoral brasileiro nos últimos anos. 

  • Desafios da regulação de redes sociais;  

O tema vem se materializando mundialmente no debate sobre regulação das plataformas, na esteira de episódios e escândalos que mostraram como os dados coletados e a gestão algorítmica dessas redes distorceram processos eleitorais, incentivaram mobilizações antidemocráticas e promoveram o conflito social em um grau de polarização extremo. 

  • Avanço da inteligência artificial 

Elencado rapidamente como tema de fronteira da tecnologia após o lançamento da versão pública do ChatGPT, em novembro de 2022, o desenvolvimento das inteligências artificiais vem consolidando-se há décadas e sendo incorporado na raiz de diversas ferramentas e interfaces utilizadas por nós cotidianamente. Assim como outras tecnologias emergentes, o debate contemporâneo tem sido marcado por posições fatalistas que apontam, com pessimismo ou otimismo, para a inevitabilidade da incorporação e para o impacto dessas tecnologias na sociedade. 

Perspectivas 

Como processos relacionados à comunicação digital impactam direta e indiretamente a rotina de empresas e instituições? Esta foi a pergunta respondida ao longo da pesquisa. Esses fenômenos afetam ao menos três níveis da atividade produtiva: o contextual, pelas turbulências e oportunidades geradas em escalas macropolítica e econômica; o mercadológico, ligado à pervasividade das big techs nos fluxos de comunicação, organização e produtividade de empresas e instituições; e o interativo, nas tensões emergentes na rotina de colaboradores, na esteira do desencaixe informacional contemporâneo. 

Uma nova abordagem é a indicação e a perspectiva na qual os pesquisadores sugerem como saída para essa problemática. Mesmo que as organizações não tenham a capacidade de criar conteúdo com empresas de mídia, todas elas foram, de certa maneira, inseridas no processo digital contemporâneo. Isso significa que há uma constante demanda para acompanhar as tendências e mudanças nos campos da inovação, regulamentação e comunicação pública.

 

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