Sondagem da Construção indica redução do pessimismo de empresas que atuam no PAC e Minha Casa Minha Vida
O quesito especial da Sondagem da Construção de junho conclui, portanto, que a dificuldade fiscal do governo afetou o ritmo de obras dos principais programas governamentais.

A perspectiva das empresas que atuam em obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e do Minha Casa Minha Vida (MCMV) é que haverá um aumento da demanda, devido à diminuição do pessimismo em relação ao volume de obras nos próximos 12 meses, é o que aponta o quesito especial da Sondagem da Construção, calculado pelo Instituto Brasileiro de Economia da FGV (IBRE). Dessa forma, as perspectivas em relação à última análise, feitas em dezembro de 2015, mostram aumento considerável.
Para 41,6% das empresas pesquisadas que atuam no PAC, o volume de obras diminuirá nos próximos 12 meses. Esta proporção havia sido de 50,1%, em junho de 2015, e de 64,3%, em dezembro de 2015. No sentido oposto, 19,2% das empresas sinalizaram que o volume de obras irá aumentar, enquanto que em junho e dezembro de 2015, essa proporção havia sido de 20,0% e 7,1%, respectivamente. Com isso, mesmo que o saldo ? diferença entre as assinalações de aumento e queda ? se mantenha no patamar negativo, percebe-se uma melhora na confiança por parte das empresas.
Já para as empresas que atuam exclusivamente no MCMV as mudanças nesse quesito foram mais expressivas. O saldo entre percepção de aumento e redução no volume de obras saiu de -56,6 pontos percentuais (p.p.) em dezembro de 2015, para -7,9 p.p, em junho deste ano. Já a proporção de empresas que preveem diminuição do volume de obras despencou de 65,2% para 29,7%, ao passo que as que acreditam no aumento deste volume saltou de 8,6% para 21,8%.
Outro dado importante que o quesito especial da Sondagem da Construção avalia refere-se aos fluxos de pagamento pelos serviços prestados (medições). A pesquisa indica que houve redução nos atrasos relacionados ao PAC e, em junho, representavam 62% do total. Em dezembro de 2015 foi registrado o recorde de empresas reportando atraso de pagamento desde o início da medição, em 2014, totalizando 78,7%. A mesma redução se verificou no MCMV. Se em dezembro do ano passado os pagamentos em atraso de ao menos 60 dias representavam 51,8%, em junho, esta proporção caiu a 35,8% do total.
A pesquisa ainda identificou piora no Indicador de Situação Atual (ISA) do PAC, que em junho apresentou queda de 7,7 pontos em relação a dezembro de 2015, mês em que o índice recuou 18,2 pontos em relação ao ano anterior. No MCMV, houve forte piora do ISA nos períodos de dezembro de 2014 a dezembro de 2015 (recuo de 26,0 pontos). Na comparação dezembro de 2015 e junho de 2016, o ISA recuou 8,2 pontos. Sob a ótica de perspectivas de curto prazo, o Índice das Expectativas (IE) recuou 6 pontos para empresas do PAC, e 12,6 pontos no MCMV, entre os dezembros de 2014 e 2015, e apresentou expressivo avanço a partir de então (12,2 pontos).
O quesito especial da Sondagem da Construção de junho conclui, portanto, que a dificuldade fiscal do governo afetou o ritmo de obras dos principais programas governamentais. Desde junho de 2015, os atrasos nos fluxos de pagamentos passaram a ocorrer levando à paralisação de obras e, com isso, os programas, que em 2009 foram importantes instrumentos de política anticíclica, perderam força. Especialmente, as sondagens realizadas em junho e dezembro de 2015 mostraram a queda na atividade das empresas e grande pessimismo. Em junho de 2016, a perspectiva de reinício de obras do PAC e o início da nova fase do MCMV trouxeram novamente expectativas positivas para os empresários, mas a percepção predominante ainda é de que o nível de atividade e o ambiente de negócios mantenha-se ruim, mas, no caso das empresas que operam com o MCMV, o otimismo começa a voltar gradualmente.
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