Indústria performa bem e aumenta sua relevância na geração de empregos de 2024
No acumulado de 2024, foram criados 1.693.673 postos de trabalho, com 25.567.248 admissões e 23.873.575 desligamentos, conforme ilustra o Gráfico 1B. Esse saldo representa um crescimento de 16,5% em relação ao mesmo período de 2023 (1.454.124), mas é 15,9% inferior ao acumulado de 2022 (2.014.424) e 39,1% abaixo do total de 2021 (2.781.932). Portanto, embora o saldo acumulado do ano de 2024 tenha ficado acima do registrado em 2023, o saldo dos meses que compõem o último trimestre de 2024 foram mais modestos do que os dos anos anteriores, apontando para uma desaceleração da geração de postos formais no final do ano.
A Tabela 1 mostra como o saldo de empregos se distribuiu entre os setores de atividade econômica em 2024. Observa-se que os Serviços mantiveram a liderança em valores absolutos, com 929.002 vagas líquidas criadas, mas apresentaram um crescimento modesto de 7,71% em relação a 2023, abaixo do avanço geral do mercado de trabalho, de 16,47%. A Indústria se destacou em 2024 como o setor com o maior crescimento percentual, expandindo seu saldo em 145,51%, passando de 125.002 para 306.889 vagas. O saldo de 2024 da Indústria também foi maior do que o registrado em 2022, ano de bom desempenho do mercado de trabalho e de recuperação econômica devido a pandemia da Covid 19. Vale salientar que, entre 2023 e 2024, o saldo de empregos aumentou em 239.549 vagas, das quais 181.887 foram geradas pela Indústria. Sendo assim, a Indústria foi responsável por 76% do incremento entre 2023-2024.
Tabela 1: Saldo acumulado de janeiro a dezembro por Setor de Atividade. Brasil.
Período | Total | Agropecuária | Indústria | Construção | Comércio | Serviços |
Quantidade |
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jan a dez/22 | 2.014.424 | 63.718 | 248.628 | 193.024 | 352.793 | 1.156.263 |
jan a dez/23 | 1.454.124 | 35.182 | 125.002 | 156.432 | 274.918 | 862.542 |
jan a dez/24 | 1.693.673 | 10.808 | 306.889 | 110.921 | 336.110 | 929.002 |
Variação 22-24 | -15,92% | -83,04% | 23,43% | -42,54% | -4,73% | -19,65% |
Variação 23-24 | 16,47% | -69,28% | 145,51% | -29,09% | 22,26% | 7,71% |
Composição |
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jan a dez/22 | 100% | 3,2% | 12,3% | 9,6% | 17,5% | 57,4% |
jan a dez/23 | 100% | 2,4% | 8,6% | 10,8% | 18,9% | 59,3% |
jan a dez/24 | 100% | 0,6% | 18,1% | 6,5% | 19,8% | 54,9% |
Variação 23-24 | 0 p.p. | -1,78 p.p. | 9,52 p.p. | -4,21 p.p | 0,94 p.p. | -4,47 p.p. |
Fonte: Elaboração das autoras com base nos microdados do Novo CAGED.
Dados com ajustes declarados até dezembro/2024. O total considera os saldos não identificados.
O Comércio também registrou aumento do seu saldo em 22,26%. Em contrapartida, a Agropecuária e a Construção enfrentaram quedas acentuadas de -69,28% e -29,09%, respectivamente. Já em comparação a 2022, embora o saldo geral tenha caído 15,92%, a Indústria foi o único setor a apresentar alta, com um aumento de 23,43%, evidenciando seu desempenho positivo em 2024 e contribuição para a performance global do mercado de trabalho.
Na composição setorial de 2024, os Serviços permaneceram como a maior participação, representando 54,9% do saldo total, apesar de uma queda de 4,47 pontos percentuais (p.p.) em relação a 2023. A Indústria ampliou sua participação em 9,52 p.p., alcançando 18,1% e o Comércio teve um leve aumento de 0,94 p.p., respondendo por 19,8% do saldo. Em contraste, a Construção, com 6,5% de participação, e a Agropecuária, com 0,6%, em 2023 reduziram suas parcelas em 2024 em 4,21 e 1,78 p.p., respectivamente. Essas mudanças refletem uma redistribuição setorial no mercado de trabalho, com ganhos significativos na Indústria.
Dado o forte crescimento do saldo da Indústria em 2024 quando comparado com o ano anterior, tanto percentual (145,51%) quanto em magnitude (181.887 vagas), analisarmos mais especificamente quais categorias ocupacionais dentro da Indústria foram responsáveis por puxar a elevação do saldo desse setor em 2024. A Tabela 2 apresenta as 10 ocupações com maior criação líquida de empregos dentro do setor da indústria.
Observa-se que os Trabalhadores das Funções Transversais já detinham a maior participação em 2023 (106,1%) e conseguiram ampliar sua relevância em 2024 com a criação de 69.634 novas vagas, embora sua participação tenha diminuído para 65,9%. Ou seja, a cada 10 empregos líquidos criados na Indústria em 2024, seis foram nessa categoria. Dentro da categoria Trabalhadores das Funções Transversais estão os 1) supervisores de trabalhadores de embalagem e etiquetagem, 2) operadores de robôs e equipamentos especiais, 3) condutores de veículos e operadores de equipamentos de elevação e de movimentação de cargas, 4) trabalhadores de manobras sobre trilhos e movimentação e cargas e 5) embaladores e alimentadores de produção.
Tabela 2: Saldo Acumulado (janeiro a dezembro) nas 10 ocupações de maior saldo da Indústria.
Rk | Descrição | 2023 | 2024 | Incremento (23-24) | |||
Saldo | Part (%) | Saldo | Part (%) | Saldo | Part (%) | ||
Ranqueado pelas maiores porcentagens de Saldo Total da Indústria de 2024 | |||||||
1 | Trab. de Funções Transversais | 132.589 | 106,1% | 202.223 | 65,9% | 69.634 | 38% |
2 | Escriturários | 22.300 | 17,8% | 32.604 | 10,6% | 10.304 | 6% |
3 | Trab. dos Serviços | 24.024 | 19,2% | 30.505 | 9,9% | 6.481 | 4% |
4 | Trab. da Fabricação e Instalação Eletroeletrônica | 1.497 | 1,2% | 16.665 | 5,4% | 15.168 | 8% |
5 | Trab. da Transformação de Metais e de Compósitos | -14.975 | -12,0% | 11.796 | 3,8% | 26.771 | 15% |
6 | Trab. da Indústria Extrativa e da Construção Civil | 7.397 | 5,9% | 10.402 | 3,4% | 3.005 | 2% |
7 | Vendedores e Prestadores de Serviços do Comércio | 7.421 | 5,9% | 7.909 | 2,6% | 488 | 0% |
8 | Trab. da Fabricação de Alimentos, Bebidas e Fumo | -526 | -0,4% | 4.959 | 1,6% | 5.485 | 3% |
9 | Trab. em Serviços de Reparação e Manutenção Mecânica | 4.038 | 3,2% | 4.819 | 1,6% | 781 | 0% |
10 | Técnicos de Nível Médio nas Ciências Administrativas | 4.355 | 3,5% | 3.789 | 1,2% | -566 | 0% |
| Subtotal (10+) | 188.120 | 150,5% | 325.671 | 106,1% | 137.551 | 76% |
| Total de Saldo na Indústria no Brasil | 125.002 | 100,0% | 306.889 | 100,0% | 181.887 | 100% |
Fonte: Elaboração das autoras com base nos microdados
do Novo CAGED. Dados com ajustes declarados até dezembro/24.
Escriturários e Trabalhadores dos Serviços registraram crescimento em termos absolutos, mas reduziram sua participação relativa, mantendo-se como a segunda e terceira categoria com maior participação no saldo da indústria em 2024, com 10,6% e 9,9%, respectivamente. Os trabalhadores da Transformação de Metais e de Compósitos e os Trabalhadores da Fabricação de Alimento, Bebidas e Fumo tinham registrado saldo negativo em 2023, mas em 2024 o setor industrial voltou a absorver mão de obra nessa função. Vale notar que das 10 ocupações listadas na Tabela 2, apenas os Técnicos de Nível Médio nas Ciências Administrativas registraram uma queda no saldo entre os anos de 2023 e 2024.
A Tabela 3 explora a interação entre setor econômico e nível educacional dos trabalhadores no saldo acumulado de empregos formais em 2024. Observa-se que a maior parte do saldo total, 83,9%, correspondeu a trabalhadores com Ensino Médio completo ou Superior incompleto, totalizando 1.420.909 vagas. Trabalhadores com Fundamental Completo ou Médio incompleto responderam por 12,3% do saldo (207.550 vagas), enquanto o grupo com Superior completo ou mais contribuiu com 3,9% (65.352 vagas). O Fundamental incompleto apresentou saldo praticamente nulo, com apenas -68 vagas, evidenciando sua exclusão no mercado formal no ano de 2024.
Tabela 3: Saldo Acumulado de janeiro a dezembro de 2024 por setores econômicos e grupos educacionais.
Setor | Saldo | EF Incompleto | EF Completo ou Médio Incompleto | EM completo ou Sup. Incompleto | Superior Completo ou mais | Total |
Todos os Setores | Quantidade | -68 | 207.550 | 1.420.909 | 65.352 | 1.693.673 |
Participação | 0,0% | 12,3% | 83,9% | 3,9% | 100,0% | |
Agropecuária | Quantidade | -19.037 | 2.858 | 26.644 | 341 | 10.808 |
Participação | -176,1% | 26,4% | 246,5% | 3,2% | 100,0% | |
Indústria | Quantidade | 11.457 | 51.829 | 243.801 | -193 | 306.894 |
Participação | 3,7% | 16,9% | 79,4% | -0,1% | 100,0% | |
Construção | Quantidade | 983 | 12.676 | 96.816 | 458 | 110.921 |
Participação | 0,9% | 11,4% | 87,3% | 0,4% | 100,0% | |
Comércio | Quantidade | 3.911 | 58.530 | 279.764 | -6.075 | 336.110 |
Participação | 1,2% | 17,4% | 83,2% | -1,8% | 100,0% | |
Serviços | Quantidade | 2.631 | 81.668 | 773.917 | 70.821 | 929.002 |
Participação | 0,3% | 8,8% | 83,3% | 7,6% | 100,0% |
Fonte: Elaboração das autoras com base nos microdados do Novo CAGED.
Dados com ajustes declarados até dezembro/2024. O total considera os saldos não identificados.
Todos os setores mostraram forte absorção de trabalhadores com Ensino Médio Completo ou Superior Incompleto. Os setores com as maiores participações de trabalhadores com esse nível de escolaridade foram Agropecuária e Construção. Em contraste, a participação de trabalhadores com Ensino Superior completo ou mais foi menor, mesmo nos Serviços (7,6%). Já os trabalhadores com Ensino Fundamental incompleto enfrentaram maior exclusão, com saldos negativos na Agropecuária e saldos muito baixos em outros setores, reforçando a importância da qualificação educacional para a inserção no mercado formal.
O Gráfico 2 desagrega o saldo dos setores por gênero. No total, as mulheres representaram a maior parte do saldo de empregos de 2024, com 53,1% (898.707 vagas), enquanto os homens contribuíram com 46,9% (795.036 vagas). Vale notar que em 2023 havia predominância de homens (56,9%). Essa predominância feminina de 2024 foi observada em setores como Serviços e Comércio, onde as mulheres representaram 59,6% e 54,3% do saldo desses setores, respectivamente. Em termos absolutos, os Serviços registraram o maior saldo para as mulheres, com 553.820 vagas.
Já os homens dominaram setores mais tradicionalmente masculinos, como Construção e Indústria. Na Construção, os homens representaram 79,9% do saldo total, com 88.646 vagas, enquanto na Indústria, a participação masculina foi de 57,1%, com 175.312 vagas. Observa-se que em 2023 essas participações eram maiores, 85,4% e 65,1% respectivamente.
O texto completo pode ser acessado no Observatório da Produtividade Regis Bonelli.