Desenvolvimento econômico e social

Empreendedorismo acadêmico: conheça empresas que surgiram em instituições de pesquisa

FGV e UNICAMP são exemplos de instituições de pesquisa que possuem incubadoras e aceleradoras de startups

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Duas mulheres conversando, uma delas segurando um tablet, e ao fundo dois homens conversando

De acordo com o Observatório Sebrae Startups, o Brasil se tornou o terceiro maior mercado de startups da América Latina. Uma parte significativa desse crescimento vem de startups que surgem em ambiente acadêmico, onde muitas universidades brasileiras estão investindo em criar as próprias incubadoras e aceleradoras. Essas iniciativas oferecem suporte a startups fundadas por estudantes e pesquisadores, fornecendo recursos como mentoria, espaço físico, e acesso a redes de investidores. Instituições como a Fundação Getulio Vargas (FGV) e a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) são exemplos de ambientes acadêmicos que contam com este tipo de estrutura para transformar pesquisa em inovação. 

A aceleradora da Fundação Getulio Vargas chama-se FGV Ventures, e existe desde 2016 com o propósito de fomentar o empreendedorismo ético com alto potencial de crescimento. Enquanto que a Unicamp, por meio de sua Agência de Inovação Inova Unicamp, possui uma incubadora chamada Incamp – Incubadora de Empresas de Base Tecnológica da Unicamp. A Inova faz a gestão da Incamp e desde 2003 busca estabelecer uma rede de relacionamentos da Universidade com a sociedade, a fim de incrementar as atividades de pesquisa, ensino e avanço do conhecimento. 

Desafios e oportunidades enfrentados por startups que surgem em ambiente acadêmico 

Apesar de essas startups contarem com a estrutura proveniente das instituições de pesquisa, a coordenadora de Ambientes de Inovação e Empreendedorismo da Inova Unicamp, Mariana Zanatta Inglez, é categórica ao afirmar que o empreendedorismo acadêmico traz consigo algumas dificuldades.  

“Empreender já não é fácil, e empreender a partir de tecnologias da universidade é mais difícil ainda. A gente vê alguns desafios no dia a dia da incubadora como a necessidade de transformar uma pessoa, ou um time, que possui um viés muito acadêmico em empreendedores. Geralmente são pessoas que entendem muito da tecnologia que estão desenvolvendo, mas pouco acerca do mercado”, introduziu Zanatta. 

A coordenadora acrescenta que poder contar com recursos financeiros e saber administrá-los para se desenvolver, gerenciar recursos tecnológicos para evoluir o protótipo inicial, e convencer o mercado a adquirir o produto, são outros desafios enfrentados pelas startups que surgem em ambiente acadêmico. 

Para a diretora do FGV Ventures, Luciana Cualheta as startups que surgem em instituições de pesquisa podem não apenas criar iniciativas inovadoras, mas ajudar a sociedade a enfrentar desafios globais como segurança alimentar, desigualdade social e mudanças climáticas. 

“Tendo em vista que a academia pode levantar informações baseadas em ciência, é possível utilizar essas informações para tomar ações práticas e alinhadas com os setores público e privado”, destacou Cualheta. A diretora também declarou que na atualidade não basta que as startups pensem apenas no gerenciamento dos lucros, mas também nas externalidades causadas pela empresa. 
“É por isso que um dos critérios para passar pelo programa de aceleração do FGV Ventures é que os participantes descrevam as externalidades causadas pelo determinado negócio que estão em busca de acelerar, e ao mesmo, um plano para minimizar essas externalidades”, complementou. 

Cases de sucesso 

A Inova Unicamp marcou presença no evento Inovação para Competitividade, organizado pela FGV Ventures em parceria com a Rede de Pesquisa e Inovação da FGV. O evento ocorreu no dia 27 de março, na Escola de Administração de Empresas de São Paulo (FGV EAESP), quando ambas as instituições apresentaram cases de sucesso sobre startups que foram incubadas e aceleradas em ambientes universitários. 

Na ocasião, Mariana Zanatta Inglez apresentou a startup Rubian, que aplica tecnologias de extração supercrítica desenvolvidas na Unicamp para obter extratos naturais de derivados da extensa biodiversidade brasileira, como o urucum, o maracujá e a jabuticaba. A startup que surgiu da competição de modelagem de negócios Desafio Unicamp utiliza esses insumos para produzir extratos lipídicos, vitamínicos, antioxidantes e carotenoides, que possuem benefícios para combater doenças como obesidade, diabetes, problemas cardiovasculares, esteatose hepática, inflamação da próstata e envelhecimento da pele, além de produzirem corantes e aromas. 

Outra startup apresentada foi a S Cosméticos do Bem, que assim como a Rubian passou pelo programa de incubação da Incamp. Ela aplica tecnologias também desenvolvidas e licenciadas da Unicamp para produzir dermocosméticos. Zanatta apresentou ainda outras três empresas que estão atualmente incubadas na Incubadora de Empresas de Base Tecnológica da Unicamp: a BGEnergy, que atua na área de hidrogênio verde e baixo carbono; a Rizobioma, que desenvolve bionematicidas capazes de substituir agrotóxicos e agentes químicos no controle do plantio; e a Defense Fertilizer, que atua na área de biodefensivos para ferrugem de café. 

Outra inovação que surgiu em ambiente acadêmico e marcou presença no evento é a startup IWASTE. Idealizada pelo empreendedor Frederico Vieira e acelerada pela FGV Ventures, a startup oferece soluções inovadoras e sustentáveis para a gestão de resíduos industriais em todo o Brasil, ao transformar resíduos em recursos valiosos, o que otimiza toda a cadeia logística da empresa e promove a sustentabilidade ambiental e a eficiência financeira de seus clientes. 

“Atuamos com resíduos que ninguém sabe o que fazer, como cinza de caldeira de biomassa. Mas além de entregar eficiência ambiental, entregamos também eficiência financeira, então trabalhamos muito fortemente reduzindo os custos, e aumentando as receitas de todos os tipos de resíduos. Um exemplo de como aplicamos esses resíduos como matéria-prima de forma inovadora é o aproveitamento das cinzas de biomassa para utilizar como matéria-prima para bateria de carro, pois ela tem uma condutividade elétrica fantástica”, explicou o Xavier durante o painel Inovação Para Sustentabilidade. 

Outros setores que podem se beneficiar de soluções desenvolvidas em ambientes acadêmicos são: o setor da saúde e a indústria automobilística. A startup Carristas, que também foi acelerada pelo FGV Ventures, busca transformar a gestão das oficinas mecânicas ao conectar os clientes com diferentes serviços para veículos. Idealizado pelo empreendedor Rafael Ferreira, o negócio caracteriza um espaço na internet ou app, no qual os proprietários de carros podem se conectar a prestadores de serviço, e acompanhar o serviço em tempo real. 

“Oficinas mecânicas perdem tempo devido à falta de organização e a gestão muito manual, e os proprietários dos veículos sentem falta de transparência nesse processo. Por isso, a plataforma Carristas oferece transparência do acompanhamento de um serviço em tempo real, no qual a oficina utiliza um sistema que permite o cliente acompanhar todos os detalhes, passando por peças, etapas do processo e previsão de entrega”, apresentou o empreendedor Rafael Ferreira durante o painel Inovação no setor automobilístico. 

Já na área da saúde, a empresa Healz oferece tecnologia de marketing para este setor. A startup conta com a liderança da empreendedora Gabriela Rosolen, uma das fundadoras de outra startup que foi acelerada pelo FGV Ventures: a WILU. A empresa conecta os usuários a diferentes especialidades em saúde que vão desde saúde mental, física a desenvolvimento profissional. 

É possível conferir a apresentação dessas startups na transmissão do evento que ocorreu no canal da FGV no Youtube: transmissão do evento durante a manhã e transmissão do evento durante a tarde. 

Para saber mais sobre o FGV Ventures, acesse o site. 

Para saber mais sobre a Inova Unicamp, acesse o site.