Estudo avalia impacto da piscicultura nos casos de malária na Amazônia

A pesquisa realizada pela Fiocruz no ano passado determinou que a piscicultura contribui na transmissão da malária em algumas partes da Amazônia e, em particular, na região do Alto Juruá, no Acre. A atividade é realizada em tanques artificiais que têm se transformado em espaços atrativos para os mosquitos depositarem seus ovos.
Matemática Aplicada
04 Setembro 2018
Estudo avalia impacto da piscicultura nos casos de malária na Amazônia

A Escola de Matemática Aplicada (FGV EMAp) e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) realizaram, no dia 3 de agosto, a oficina “Pscicultura sem Malária”, na cidade de Mâncio Lima, no Acre. No evento, foram apresentados resultados de pesquisas realizadas em 2017 pela Fiocruz sobre a relação entre a piscicultura e a epidemia de malária. Também foram obtidos dados para o projeto de pesquisa em andamento "Modelagem, análise e estimativa da contribuição dos tanques de piscicultura na população do mosquito anopheles e o impacto na transmissão da malária no Alto Juruá, Acre", coordenado pela professora da FGV EMAp, professora Maria Soledad Aronna, e financiado pela FGV por meio do Programa de Projetos de Pesquisa Aplicada.

A pesquisa realizada pela Fiocruz no ano passado determinou que a piscicultura contribui na transmissão da malária em algumas partes da Amazônia e, em particular, na região do Alto Juruá, no Acre. A atividade é realizada em tanques artificiais que têm se transformado em espaços atrativos para os mosquitos depositarem seus ovos. Foi observado que limpar o bordo dos tanques de cultivo ajuda a controlar o tamanho da população de mosquitos, mas é uma tarefa demorada e cansativa, e o piscicultor nem sempre é ciente do benefício desta ação.

O projeto de pesquisa aplicada, financiado pela FGV e coordenado pela professora Soledad, está sendo realizado em colaboração com a doutora Cláudia Codeço (Fiocruz) e Felipe Antunes (mestrando em Modelagem Matemática pela FGV EMAp), e tem o propósito de criar um modelo matemático para representar a relação entre os tanques e a transmissão de malária. Os pesquisadores pretendem utilizar esse modelo para quantificar a contribuição efetiva dos tanques na epidemia, a partir de uma avaliação quantitativa do efeito que a limpeza periódica dos tanques poderia ter na redução da transmissão da malária.

No âmbito deste projeto, o evento abriu espaço para que os pesquisadores conversassem diretamente com os piscicultores da região, onde obtiveram informação quantitativa para parametrizar o modelo. Os resultados obtidos serão utilizados para elaborar material educativo destinado aos piscicultores e autoridades de saúde dos municípios de Mâncio Lima, Cruzeiro do Sul e Rodrigues Alves (AC).

“É sabido que a malária é uma doença que afeta o Brasil e a sua economia. Nos últimos 14 anos, a região Amazônica concentrou o 99,9% dos casos do país, com uma média anual de 310.390 casos por ano, e os municípios onde focamos nosso estudo estão entre os mais infectados da região. Para ilustrar a gravidade da situação, cabe mencionar que, depois da escavação dos tanques de piscicultura, a incidência da doença chega a 40% no município de Mâncio Lima em algumas épocas do ano”, finaliza a professora Maria Soledad Aronna.

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