Políticas Públicas

Cidades Sustentáveis: como o urbanismo tático está mudando o espaço público em Campinas

A pesquisa identificou desafios no diálogo com o setor público e a iniciativa privada, mas destacou um grande interesse dos coletivos em parcerias com universidades para o desenvolvimento de tecnologias de impacto social e ambiental.

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Cidades Sustentáveis: como o urbanismo tático está mudando o espaço público em Campinas

Nos últimos anos, os distritos de inovação têm se consolidado como motores do desenvolvimento sustentável das cidades. Eles reúnem diferentes atores para impulsionar o crescimento econômico e social. No entanto, a participação da sociedade civil nesses espaços ainda é um desafio. Em Campinas, coletivos urbanos vêm utilizando o urbanismo tático para transformar o espaço público e ampliar a participação popular no desenvolvimento urbano sustentável. Essa abordagem inclui intervenções de baixo custo e temporárias, que podem se tornar soluções permanentes, promovendo a ocupação ativa de áreas subutilizadas.

O estudo, conduzido pela pesquisadora da FGV EAESP Zilma Borges de Souza em conjunto com Laura Martins de Carvalho, foi publicado na revista PARC Pesquisa em Arquitetura e Construção. A pesquisa seguiu uma abordagem qualitativa e exploratória, utilizando a pesquisa participante como método principal. Portanto, as pesquisadoras analisaram quatro coletivos: Cuidadores da APP do Jardim Miriam, Brigada Popular Cachorro do Mato, Pé na Estrada Bike Clube e Mobiliza Satélite. A metodologia envolveu entrevistas semiestruturadas com líderes desses coletivos, observação direta e análise documental.

Os resultados mostram que os coletivos urbanos possuem amplo conhecimento e engajamento socioambiental, apesar da falta de apoio do poder público e da iniciativa privada.

O interesse por maior envolvimento com universidades é evidente, especialmente na colaboração para o desenvolvimento de tecnologias sustentáveis. No entanto, o relacionamento com as autoridades públicas ainda é restrito e, em alguns casos, conflituoso.

Os distritos de inovação estudados apresentam percepções distintas entre os coletivos. O Hub Internacional para o Desenvolvimento Sustentável (HIDS), vinculado à Unicamp, é visto de forma positiva pelos coletivos que o conhecem, pois representa um espaço voltado à tecnologia e à inovação responsável. Já o Polo de Inovação e Desenvolvimento Sustentável (PIDS) gera receio entre os coletivos, que apontam riscos de especulação imobiliária e impactos negativos no meio ambiente e na comunidade local.

A importância do diálogo e da participação social

A pesquisa destaca a necessidade de criação de fóruns participativos permanentes para garantir que os coletivos tenham voz na gestão dos distritos de inovação. A falta de comunicação eficaz entre poder público e sociedade civil tem sido um obstáculo para a construção de cidades mais sustentáveis e inclusivas. A aproximação com universidades, por outro lado, se mostra promissora, especialmente para a co-criação de soluções urbanas baseadas em conhecimento e inovação.

Por fim, os coletivos urbanos desempenham um papel fundamental no urbanismo tático, promovendo intervenções que podem contribuir para a transformação de distritos de inovação em espaços verdadeiramente inclusivos e sustentáveis. Para fortalecer essa atuação, é essencial estabelecer canais de comunicação mais eficazes entre coletivos, universidades e governo. Dessa forma, será possível criar cidades mais inteligentes, sustentáveis e participativas, onde o conhecimento e a inovação caminham lado a lado com as necessidades da sociedade.

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