Pesquisa revela desigualdade na distribuição de consumo intrafamiliar no Brasil

Dissertação de mestrado destaca disparidades na alocação de recursos entre homens, mulheres e crianças nas famílias brasileiras
Economia
02 Agosto 2024
Pesquisa revela desigualdade na distribuição de consumo intrafamiliar no Brasil

Uma pesquisa de uma aluna da EPGE Escola Brasileira de Economia e Finanças (FGV EPGE) aponta desigualdade na distribuição de consumo intrafamiliar no Brasil. Baseando-se em dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) de 2008-2009, a dissertação de Mestrado de Helena Zahar Vaz, orientada pela professora Andrea María Flores (FGV EPGE), investigou como os recursos são alocados entre homens, mulheres e crianças dentro das famílias nucleares brasileiras.

O estudo revela importantes disparidades na alocação de recursos, influenciadas por fatores socioeconômicos e demográficos. Os principais resultados são explicitados abaixo:

  • Distribuição de Recursos: Em famílias com filhos, a pesquisa indicou que os homens tendem a receber uma maior parcela dos recursos em comparação às mulheres e crianças. A média de distribuição de recursos é de 41% para homens, 30% para mulheres e 29% para crianças.
  • Impacto Socioeconômico: Características como a idade e nível educacional dos pais, além da presença de trabalhadores domésticos, influenciam a alocação de recursos. Nomeadamente, a participação das mulheres nos recursos tende a aumentar quando elas possuem ensino médio completo e quando há uma trabalhadora doméstica na residência.
  • Famílias sem Filhos: Para famílias sem filhos, a distribuição média de recursos é mais equilibrada, com 53% para homens e 47% para mulheres. Nesse contexto, fatores como a raça dos cônjuges (famílias brancas) e a situação empregatícia das mulheres ganham destaque na determinação dos recursos.

Utilizando um modelo estrutural baseado na teoria dos modelos coletivos de Dunbar et al. (2013), a pesquisa analisou os dados de consumo de roupas, um bem privadamente atribuível, para inferir a distribuição de recursos. Este método permite identificar como os recursos são divididos dentro do lar, associando essas divisões ao poder de barganha de cada membro da família.

A pesquisa identificou que a localização geográfica e a composição demográfica das famílias também desempenham um papel significativo na alocação de recursos. Por exemplo:

  • Região Norte: Famílias residentes no Norte do Brasil mostraram uma menor participação das mulheres nos recursos familiares.
  • Áreas Rurais: A vida em áreas rurais está associada a uma menor alocação de recursos para as mulheres, comparado às áreas urbanas.

Ademais, métricas de determinação de pobreza tradicionais tendem a desconsiderar as dinâmicas de alocação de recursos intrafamiliar discutidas no estudo. Aplicando as estimativas de poder de barganha intrafamiliar, a pesquisa evidencia que essas métricas subestimam a quantidade de mulheres e, especialmente, crianças sofrendo pobreza extrema no Brasil.

Os resultados desta pesquisa sugerem a necessidade de políticas públicas direcionadas para equilibrar a distribuição de recursos dentro das famílias, especialmente em contextos em que fatores socioeconômicos desfavorecem certos membros. Nesse contexto, investimentos em educação e na promoção da igualdade de gênero se tornam essenciais para mitigar as desigualdades intrafamiliares.

A pesquisa de Helena Zahar Vaz fornece uma base empírica para entender e discutir as dinâmicas internas das famílias brasileiras, abrindo caminho para futuras investigações sobre como políticas públicas podem influenciar positivamente a distribuição de recursos dentro dos lares.

Para ler a dissertação na íntegra, clique aqui.

Para saber mais sobre a FGV EPGE, clique aqui.

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