Dia do Cientista Social: Padrasto inspira aluna com conceitos práticos de gênero, social e político
“A escolha do FGV CPDOC se destaca por oferecer uma formação completa, abrangendo tanto o setor profissional quanto o desenvolvimento pessoal e acadêmico do aluno”, disse Clara

Na academia, em organizações não governamentais ou no setor público, esses profissionais desempenham um papel significativo para a compreensão e transformação da sociedade. Com análises e intervenções, os cientistas sociais ajudam a promover a justiça social, a igualdade de gênero, a inclusão e a compreensão das dinâmicas sociais. Por isso, hoje, dia 22 de julho, a aluna Clara Braga, do 8º período da Escola de Ciências Sociais (FGV CPDOC) participa da série “Referências que Inspiram” tema do Dia das Profissões 2024.
Carinhosamente chamado de “paidrasto” pela aluna, Walter Ribeiro, esteve em um cenário intenso de violência urbana na comunidade da Mangueira e não teve oportunidades de um ensino básico completo. Com isso, teve a consciência da importância de construir seu interesse pela educação, inclusive como um possível meio de melhorar as condições de vida de sua enteada. Foi a partir daí que a instigou a pensar sobre problemas societários e, dessa maneira, desenvolveu interesse pelo estudo.
“Durante os 17 anos que convivemos sob um mesmo teto, resolvi seguir a graduação, que meu coração resguardado desde meu primeiro contato com disciplinas correlatas no Ensino Médio, como homenagem póstuma a sua influência em minha vida”, disse ela.
Ao longo da entrevista Clara ressaltou a sua ligação com o seu padrasto e de que forma ele a incentivou a cursar Ciências Sociais. Além disso, falou sobre as suas motivações na graduação e as vantagens de estudar no FGV CPDOC.
Veja abaixo a entrevista completa com a aluna:
Quem te inspirou a cursar Ciências Sociais?
Ao me recordar da minha construção tanto profissional quanto acadêmica, da qual nasceu ao observar de forma crítica os entornos dessa selva de pedra que é o Rio de Janeiro, penso em meu “paidrasto” Walter Ribeiro. Com sua trilha sonora na voz de Zeca Pagodinho em “Ogum”, me ensinou na prática conceitos de estratificação social, papéis de gênero e política pública anteriormente a quaisquer autores de renome no cânone das Ciências Sociais.
Ao me instigar a pensar sobre problemas societários e tomar gosto pelo estudo, durante os 17 anos que convivemos sob um mesmo teto, resolvi seguir a graduação, que meu coração resguardava desde meu primeiro contato com disciplinas correlatas no Ensino Médio, como homenagem póstuma a sua influência em minha vida.
Por quais motivos a levaram a tê-lo como referência?
Vejo que a base para ingressar numa escola de teorização e estudo sobre o funcionamento social foi por ter sido uma criança que questionava demais. De tanto eu perguntar (desde de como era a vida dos dinossauros, o porquê dos antigos gregos e egípcios acreditarem em seus deuses mitológicos, porque pessoas tem sotaques distintos e dentre outras questões que ressoavam na minha mente infantil), meu “paidrasto” não viu saída se não fosse em livros.
Ele, mesmo que estivesse no convívio constante da violência urbana na comunidade da Mangueira e não ter tido a oportunidade de um ensino básico completo, teve a consciência da importância de construir meu interesse pela educação, inclusive como um possível meio de melhorar minhas condições de vida.
Até sua morte, em 2020 e mesmo ano do meu ingresso na FGV, este homem me apoiava como militante política na adolescência, continuou comprando livros para me presentear, interessava-se nas minhas intervenções artísticas na escola e, o mais importante, resguardava meus sonhos nas sombras para que um dia eu alcançasse a luz.
Qual a sua relação com essa pessoa?
Foi apresentado a mim como padrasto, mas trouxe o significado palpável do que representa as categorias de “pai e mãe” abraçando minhas ideias e discursos.
A todos, sou eternamente agradecida, principalmente a ele que trabalhava num emprego informal (assim como uma considerável parcela de brasileiros atualmente) e passava seu dia batalhando para garantir o bem-estar meu e de minha irmã mais nova.
Você lembra de alguma frase que ouvia dessa pessoa?
Definitivamente a mais marcante foi “minha filha, não deixa um caminho cheio de espinhos te fazer esquecer que esse sempre é acompanhado de rosas também!”.
Quais as suas motivações para o curso?
Minha motivação para me formar como bacharel em Ciências Sociais é impulsionada pela visão de contribuir, significativamente, para a sociedade brasileira. A escolha do FGV CPDOC se destaca por oferecer uma formação completa, abrangendo tanto o setor profissional quanto o desenvolvimento pessoal e acadêmico do aluno. A estrutura da Escola proporciona uma ampla gama de recursos, incluindo tecnológicos, que são essenciais para a formação de um profissional versátil e preparado para os desafios contemporâneos.
A interdisciplinaridade do curso e a excelência dos docentes da FGV enriquecem a experiência acadêmica, permitindo uma compreensão aprofundada e diversificada das Ciências Sociais (com meu enfoque atual sendo o estudo em Antropologia e Historiografia de Religiões de Matriz Afro-Ameríndias e o projeto de Iniciação Científica na Casa Acervo).
Além disso, a formação na Escola facilita a continuidade de meus projetos sociais e de divulgação científica, criando um ambiente propício para o desenvolvimento de um futuro educacional e social mais completo. Ao me formar no FGV CPDOC, estarei capacitada para contribuir de maneira efetiva para um Brasil melhor, aplicando conhecimentos e habilidades adquiridos em benefício da sociedade e promovendo avanços educacionais e sociais.
Para saber mais sobre a Escola de Ciências Sociais (FGV CPDOC), acesse o site.
Essa matéria faz parte da série especial Referências que Inspiram. Conheça as outras datas:
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